A Secretaria da Fazenda argumenta que os benefícios são fundamentais para a geração de empregos. Afirma, inclusive, que o “setor têxtil já teria desaparecido do cenário industrial catarinense não fosse o benefício fiscal concedido”.

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Benefícios fiscais em SC são maiores que gastos com saúde ou educação

O segmento é o segundo que mais recebe benefícios fiscais no Estado, sendo que para ele estão previstos 17% do montante do ano que vem – em primeiro lugar vêm agroindústria e pesqueiro (28%) e importações (16%). Faz sentido manter um setor nesses termos?

– E o que se poderia fazer? – pergunta Antonio Gavazzoni, secretário de Estado da Fazenda.

Para o presidente do Sindicato das Indústrias Têxteis de Blumenau (Sintex), Ulrich Kuhn, a afirmação da Fazenda é um tanto exagerada. A indústria têxtil catarinense andaria, sim, com as próprias pernas, mas não tão bem quanto com os benefícios, afirma Kuhn.

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O setor vive um dilema. Por um lado, não consegue competir com grandes exportadores pobres, como Bangladesh, onde nem sempre se respeitam leis trabalhistas e ambientais que tornariam os produtos mais caros. Por outro, sai perdendo dos grandes exportadores ricos, como Alemanha, onde a eficiência logística joga os preços para baixo.

Não é de hoje que o segmento balança. Nos anos 1990, sofreu com a abertura do mercado brasileiro. Muita empresa têxtil catarinense quebrou ou começou a andar para o buraco na época, inclusive as maiores e mais tradicionais, como a Buettner, de Brusque.

E é um segmento relevante em termos de postos de trabalho. Neste ano, foi o principal responsável pelo saldo positivo de empregos na indústria de SC. Segundo dados do Estado, emprega diretamente 300 mil pessoas.