Quentinhas e conformismo marcaram a passagem dos jogadores australianos pela zona mista ao final da partida. A quentinha era o almoço. Afinal, passava das 15h, e o jogo havia sido marcado para o insólito horário das 13h, e a delegação deixaria o Beira-Rio direto para o aeroporto, onde embarcaria para Vitória, QG escolhido no Brasil.

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Mas, mais do que o almoço, chamava a atenção o sorriso discreto no rosto e o ar de alívio dos australianos. Não houve lamúrias pela virada e, sim, saudação pela atuação adulta contra a Holanda, a sensação desta Copa. Todos deixaram Porto Alegre certos de que o futuro da seleção está garantido. O técnico Ange Postecoglou assumiu em outubro e renovou o grupo. A Copa no Brasil seria usada para tornar garotos em jogadores cascudos. O resultado foi alcançado.

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Nem mesmo o capitão Cahill mostrava desânimo. De longa trajetória no futebol inglês, pelo Everton, e atualmente no New York Red Bull, o atacante se despediu da Copa no Beira-Rio. E talvez das Copas. Aos 34 anos, é bem provável que não tenha fôlego para chegar à Rússia. Em seu discurso, no entanto, nada de melancolia.

– Jogo pelo hoje, não pelo amanhã. Me divirto quando estou no gramado e hoje foi mais um dia desses – disse, enquanto equilibrava sua quentinha na mão esquerda.

Cahill sorria a cada resposta. Quando perguntado sobre o gol, ficou evidente seu orgulho. O sorriso ficou mais largo. Também pudera. O chute de sem-pulo desenhou o gol mais bonito desta Copa até agora. Ele o elegeu como um dos mais lindos que fez e garante ter buscado inspiração em centroavantes holandeses:

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– Muito vi o Van Basten e o Van Persie fazerem gols dessa forma.

Talvez seja por isso que o craque aussie tenha deixado o Beira-Rio com a camiseta de Van Persie enrolada sob o braço. Levou como recordação de um dia histórico para o futebol do seu país e para ele. Estava tão realizado como os milhares de australianos presentes no Beira-Rio.

– Nunca vi a Holanda jogar usando tantas bolas longas (lançamentos) como nesse jogo. Estou orgulhoso do nosso time. Disseram que viemos como passageiros nesta Copa e jogamos nas duas partidas em cima até o final.

O meia Oar, 22 anos e símbolo da renovação, valorizou a atuação e lamentou apenas o gol perdido no lance anterior ao do 3 a 2 dos holandeses:

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– Jogamos muito bem, infelizmente não tivemos força no final para reagir. Tivemos a chance de fazer o 3 a 2 antes de sofrer a virada. Ficamos muito felizes com o apoio da torcida no estádio, da nossa torcida e dos brasileiros.

Com sua quentinha na mão e um cookie para a sobremesa, ele deixou a sala de imprensa e embarcou no ônibus. A Austrália havia cumprido seu dever. E já passava da hora do almoço.

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