A Associação Empresarial de Joinville terá novo presidente a partir do dia 1º de julho, quando o advogado João Joaquim Martinelli vai tomar posse, em evento na Sociedade Harmonia Lyra.

Continua depois da publicidade

Em entrevista exclusiva, de 93 minutos, concedida ao “AN” na manhã do dia 5 de junho, na sede do escritório que dirige, destacou:

– Segurança pública é problema gravíssimo em Joinville. Temos que cobrar com tintas mais fortes – afirma.

Joinville e cidades do seu entorno têm 600 mil votos, avisa Martinelli. O dirigente empresarial é próximo do prefeito Udo Döhler há muitos anos. Avisa que a Acij vai cobrar aquilo que for possível cobrar da Prefeitura.

Um dos pontos que mais incomoda o empresariado é a lentidão do trabalho da Fundema. O órgão, responsável pelos licenciamentos ambientais, é visto por Martinelli como um “problema eterno”.

Continua depois da publicidade

O futuro presidente da mais importante entidade empresarial da região mexe em outra questão fundamental. Aponta que o terreno localizado em Araquari, idealmente pensado para ser ocupado pelo centro tecnológico, na região Sul de Joinville, acabou ofertado à Mercedes.

João Joaquim Martinelli é advogado. Presidente da Martinelli Advocacia Empresarial, um dos dez escritórios de advocacia mais admirados do Brasil. Natural de Siderópolis, Sul do Estado, fez direito na Universidade de São Paulo (USP). Trabalhou como assessor da diretoria da Toledo Balanças, depois na consultoria que hoje é a Pricewaterhouse Coopers (PwC). Formou-se em 1974 e retornou a Joinville. Há 15 anos, criou o Martinelli Advocacia Empresarial.

CANDIDATURA

– Assumir o comando da Associação Empresarial de Joinville não estava nos meus planos. Nenhum dos vice-presidentes têm esta ambição. Fui lançado para presidente sem ser avisado.

– O movimento partiu da Whirlpool e, depois, chegaram adesões novas. Acontece que o grupo se inclina em uma direção e, aí, vai de uma vez para o desfecho. É mais responsabilidade do que desejo. É um movimento que surge de dentro da diretoria. O que faz a gente se envolver no associativismo é devolver parte do que a sociedade te dá.

Continua depois da publicidade

PROXIMIDADE

– Sou próximo do prefeito Udo Döhler. É verdade. Claro que é possível manter um bom relacionamento, bom nível de diálogo. A Acij não pode – e não vai – deixar de cobrar naquilo que for possível cobrar (da Prefeitura). A proximidade facilita na forma de conduzir as conversas e os entendimentos.

MAIS INCISIVOS

– Os temas locais serão as nossas prioridades. Aliás, como o Mário Aguiar já fez ao longo dos dois últimos anos. A Acij tem massa crítica para ajudar. Teremos que cobrar com tintas mais fortes na questão da segurança. Haverá mais pressão e seremos mais incisivos. Por exemplo: em toda a cidade só há 37 câmeras de segurança. Menos do que há em Jaraguá do Sul. Nada contra Jaraguá, mas Joinville, pelo seu porte, merece mais atenção.

FUNDEMA

– A Fundema é um problema eterno. Os núcleos setoriais da Acij vão fazer marcação cerrada junto à fundação. Os núcleos – jurídico, contábil, de meio ambiente, de gestão ambiental e dos jovens empresários – serão fortalecidos. Vamos delegar, a eles, atuação mais ativa. E os vice-presidentes podem liderar atribuições.

LICENCIAMENTOS

– O licenciamento ambiental é problema gravíssimo. Na visão dos empresários, não importa em qual setor da Prefeitura está o problema. O que interessa é a solução. Houve clientes meus (empresas) que desistiram de vir para Joinville por causa disso. A Fundema deve priorizar licenciamentos de empreendimentos que vão dar investimento e gerar empregos na cidade. É diferente dos pedidos de corte de galhos de árvores do vizinho.

Continua depois da publicidade

DELEGAÇÃO

– A partir do próximo dia 1º de julho, passando a dirigir a Acij, faz com que eu precisarei a delegação de atribuições no escritório de advocacia. Já estou visitando menos as 11 filiais distribuídas em diferentes Estados. E diminuindo minha presença em questões de gestão interna. O foco, então, é em estratégia e no atendimento das grandes contas do escritório.

O PRÓXIMO

– O meu sucessor, o próximo presidente, deverá ser quem se inclinar para temas mais relevantes. É raro alguém se disponibilizar em um autolançamento.

PREOCUPAÇÕES

– O presidente da Acij não pode ter agenda própria. As ações serão de curto e longo prazos. No curto prazo, segurança pública é problema gravíssimo em Joinville, e de responsabilidade do governo do Estado. Se melhorar a vida das pessoas, melhoram as nossas empresas.

SAÚDE

– A saúde é outra enorme preocupação. Há demandas a serem feitas, mas há poucos recursos disponíveis (pelo poder público municipal). Temos de ajudar na saúde. E não criticar. O Hospital São José é adorado. Fico mal quando falam mal do São José. O problema da saúde você não resolve, você administra.

Continua depois da publicidade

LONGO PRAZO

– No longo prazo, continuaremos a pedir agilidade para a duplicação da avenida Santos Dumont. Não só por causa do aeroporto. Mas há também as universidades (Univille, Udesc) na região. Ainda no assunto mobilidade urbana, obras da rua Almirante Jaceguay e rua Dona Francisca também estão no radar.

CRENÇA

– Ele, o prefeito, está tremendamente angustiado. Está decepcionado com as dificuldades para resolver os problemas. Acredito 100% que as coisas vão melhorar para a Prefeitura. Udo ainda terá uma gestão de excelência. A Prefeitura não é uma ilha.

RECEIO

– Há um sentimento mais amplo de que a situação macroeconômica não vai ficar legal. Por isso, os empresários estão com investimentos retidos. O cenário só vai se equacionar 90 dias depois que o próximo presidente da República tomar posse.

OBA-OBA

– Em Joinville e região, acabou o oba-oba (de grandes investimentos). A lembrar que o que define o investimento é a previsibilidade de negócios e de retorno dos recursos a serem aplicados ou feito. A não votação da LOT é fator de insegurança.

Continua depois da publicidade

LOT

– Um empresário veio conversar comigo ontem (dia 4 de junho) para saber quando o projeto de lei de ordenamento territorial (a LOT) seria resolvido. A judicialização de um tema mostra a incapacidade de se solucionar a questão. As pessoas deveriam conversar mais, transigir, ou não. A indefinição atrasa a cidade. Cada um representa interesses divergentes.

– O Udo já foi presidente da Acij e, agora, está do outro lado. Na Acij, o tema LOT volta à conversa a cada 15 dias. A associação entregou ao prefeito uma cartilha

com CD para mostrar a posição da entidade sobre o assunto. Se você não quer que um tema vá pra frente, monte um comitê, junte 10 a 12 pessoas.

ESTADO

– A Acij vai conversar mais amiúde com o governo estadual para o governador fazer os investimentos que Joinville merece. Há 600 mil votos no município e em seu entorno. O Estado tem de olhar de maneira diferenciada para nós porque Joinville é diferente.

Continua depois da publicidade

ELEIÇÃO

– Acredito na reeleição de Raimundo Colombo. Não há ameaça real à reeleição. Acredito em vitória, que pode acontecer no primeiro turno. (Que fique claro: esta é a opinião pessoal do cidadão João Martinelli e não expressa a opinião da Acij). A eleição se define em seis colégios eleitorais: Joinville, Grande Florianópolis, Blumenau, Criciúma, Lages e Chapecó.

UFSC

– Quem garantiu a vinda da UFSC para Joinville foi o atual prefeito, na época presidente da Acij, Udo Döhler. Só que a UFSC tem seu ritmo próprio. Queríamos – e continuamos nesta batalha – o campus, e toda a infraestrutura de mobilidade, vias paralelas. E serviços e negócios que giram ao seu redor. O ambiente acadêmico também é útil para os alunos. Faz falta à formação dos alunos.

AGENDA COMUM

– As entidades empresariais e a Prefeitura ainda não conseguiram fazer uma agenda pública comum. Não podemos isolar a Prefeitura. O prefeito Udo Döhler (PMDB) tem de estar junto nos pleitos da cidade.

CENTRO TECNOLÓGICO

– O centro tecnológico de Joinville é uma criança sem pai. Vai para onde? Para a Univille? Vai ser independente, como é o Sapiens Park, em Florianópolis? O formato e o local precisam ser definidos. É tema em debate. O centro precisa ter um pai para ter um rumo. Sequer tem projeto. O centro de tecnologia ficou em segundo plano. Novidades poderão surgir em até 60 dias. É absolutamente imprescindível Joinville ter um centro tecnológico.

Continua depois da publicidade

GESTÃO DA PREFEITURA

– Como conheço os problemas e as razões das dificuldades, não posso me decepcionar. O prefeito faz o melhor que pode nas condições existentes. Exemplo: em relação à concorrência de iluminação pública, a orientação interna era não renovar (o contrato). Tem de fazer licitação.