Não bastasse o clima de incertezas políticas que rondou a cidade do Sul do Estado nos últimos anos e recentemente a preocupação com a onda de violência, Criciúma agora está temporariamente sem a sede da prefeitura.
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Um incêndio, o segundo no mesmo local no intervalo de 12 dias, destruiu praticamente todo o prédio no paço municipal. Os relatos são de que o fogo começou no andar de cima, na sala de informática, às 12h30min. Pela manhã, funcionários de uma empresa terceirizada trabalharam na manutenção das redes elétrica e de informática, ainda nos reparos do primeiro incêndio, de 27 de maio.
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Prefeito de Criciúma avalia incêndio da prefeitura e projeta retomada de serviços
O fogo desta vez começou na sala de informática e rapidamente se espalhou. As ruas foram bloqueadas para o tráfego de veículos. Bombeiros de Criciúma, Forquilhinha e Içara atuaram no combate, que contou com 35 homens e cinco caminhões. A prefeitura estava desocupada no momento e não houve feridos.
A ala direita, incluindo o gabinete do prefeito e a procuradoria, foram totalmente destruídos. A sala de informática também foi perdida. Servidores foram ao local tentar salvar documentos e pertences, que foram colocados em um caminhão do município.
A coordenadora da Defesa Civil de Criciúma, Ângela Mello, explicou que foi preciso impedir a entrada das pessoas no prédio, por questão de segurança:
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– Houve rachaduras nos pilares e nosso papel é garantir a segurança. Entendo que a semana foi de muito empenho para que a prefeitura voltasse a funcionar nesta segunda-feira, mas há possibilidade de queda da estrutura e estamos acompanhando. Terminando o rescaldo, vamos ver o que sobrou e todos serão guerreiros novamente para reestruturar. – esclareceu Mello.
A possibilidade de ação criminosa é a principal hipótese que será investigada pela Polícia Civil, conforme o delegado Márcio Campos Neves, da Divisão de Investigação Criminal (DIC) de Criciúma e plantonista ontem.
Neves classificou como estranho dois incêndios atingirem a prefeitura em tão pouco tempo. Ele requisitou os nomes e os funcionários que entraram no local para ouvi-los nos próximos dias. A outra possibilidade, ressaltou o policial, é a de que o fogo possa ter sido originado por falha na rede elétrica ou até por má condição da fiação.
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O tenente Vinicius Marcolin, dos bombeiros de Araranguá, informou que cerca de 60% da edificação foram afetados e que há risco de desmoronamento em algumas vigas. Marcolin afirmou que os bombeiros se preocuparam no combate e que hoje um perito vai analisar o material e verificar se existe indícios que apontem a causa.
“Foi uma tragédia”, diz prefeitura
O prefeito Márcio Búrigo (PP) chegou minutos depois ao local e afirmou ter ficado pasmo com o que viu.
– O engenheiro Carlos Barata estava participando da reconstrução e retomada do local, já estávamos bem adiantados para estar segunda ou terça-feira abrindo serviços à população. Quando vi aquilo, eu não encontrava palavras para descrever meu sentimento de tristeza. Apenas lágrimas tomaram conta. Foi uma tragédia, pela segunda vez em nossa prefeitura.
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A Associação Empresarial ofereceu uma área de mais de dois mil metros quadrados para a prefeitura trabalhar. Criciúma chegou a ter dois prefeitos este ano, consequência de reviravoltas jurídicas que atingem a prefeitura. Em 2012, Clésio Salvaro foi reeleito prefeito, tendo Búrigo como vice.
Salvaro teve o registro da candidatura impugnado. Houve nova eleição em 2013 vencida por Búrigo, que tomou posse. Em janeiro deste ano, Salvaro voltou à prefeitura em decisão judicial e ficou 42 dias no cargo, mas em nova decisão do Supremo Tribunal Federal (STF), Búrigo foi reconduzido ao Executivo. Desde então, houve desentendimentos políticos entre os dois.