O impasse entre comerciantes do Mercado Público de Florianópolis e funcionários da empresa JK Engenharia, que venceu a licitação para realizar obras no local, começou durante a manhã e se estendeu por toda a tarde de sábado.

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Por volta das 16h, comerciantes voltaram a se reunir para impedir o início da reforma da ala norte. A Guarda Municipal foi convocada e o Secretário de Segurança Pública da Capital, Rafael de Bona, está no local acompanhando as negociações.

De acordo com ele, a ordem é oferecer segurança aos funcionários da empreiteira para que as obras sejam iniciadas ainda neste sábado. Até as 16h30min, nenhum confronto físico havia sido registrado.

O movimento no Mercado Público foi intenso na manhã deste sábado. Centenas de pessoas se aglomeraram entre os 72 boxes da ala norte para se despedir do comércio que existe lá atualmente ou para aproveitar as promoções-relâmpago feitas de última hora pelos proprietários do local. Eles têm até a meia-noite de domingo para deixar a área, que passará a ser ocupada, em março do ano que vem, pelos vencedores da licitação aberta pela prefeitura.

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Mas a pouco mais de 24h do prazo final, apenas um boxe já havia fechado as portas. Do lado de fora, as mesas e os grupos de samba já não estão mais lá – apenas os restaurantes puderam distribuir cadeiras para os turistas poderem almoçar.

Desde a última quinta-feira, os quase 300 comerciantes se revezam para fazer a vigília da área. Eles querem a prorrogação do prazo por mais 90 dias (encerrando em fevereiro), cuja possibilidade estava prevista em contrato com a prefeitura assinado em julho deste ano. O desejo deles é de permanecer no local durante as festas de fim de ano e a temporada de verão, que, juntos, representam 40% das vendas anuais do comércio.

– Estamos prontos para tudo, inclusive para confronto físico. Mas não vamos entregar nossos investimentos assim como estão querendo, de forma prepotente – diz o vice-presidente da Associação dos Comerciantes do Mercado Público, Carlos Artulino Pereira, proprietário de uma loja de confecções.

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A vigília não tem hora para terminar. Às 14h deste sábado, quando as lojas fecharem, os comerciantes já nem voltam para casa. Ficarão no local para proteger as lojas e evitar qualquer tipo de ação que os retire antes do prazo. Querem evitar também a tentativa dos operários da empresa que vai reformar o Mercado a partir de semana que vem de se estabelecerem no local.

Na última sexta, eles estiveram no local para colocar tapumes que marcam o início da obra, mas foram impedidos de trabalhar. Os homens chegaram a fazer buracos no chão e fincar algumas madeiras, mas em seguida retiraram os materiais.

Só com ordem judicial, dizem comerciantes

Segundo Pereira, os comerciantes só pretendem sair dali com ordem judicial e com a presença de um oficial de justiça que os obrigue a deixar o espaço. Imad Hamdan é um deles. Dono do box 21, que vende roupas, desde 1999, ele se diz sem saber o que fazer: o estoque está cheio, a coleção nova chegou há menos de um mês, há mercadorias ainda guardadas em caixas e, das três funcionárias, duas estão grávidas.

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– Tenho esperança na renovação do prazo. É a única coisa que consigo ter neste momento – diz.

Com mulher e três filhos em casa, Imad já consultou contadores para saber o que fazer em relação às gestantes, quando a loja fechar. O que ouviu não foi promissor: terá que manter o salário delas durante toda a licença maternidade, já que a demissão neste período é ilegal.

– A gente só está pedindo o Natal. O que vai ser do Mercado Público fechado para os turistas em plena temporada de verão? – questiona.

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Apesar das manifestações contrárias dos comerciantes, o secretário municipal de Administração, Gustavo Miroski, garante que não vai prorrogar a data. Segundo ele, é preciso respeitar os direitos de quem venceu a licitação, e se for preciso vai entrar com pedido de liminar para a retirada.

Cronograma

– 16 de novembro: montagem do canteiro de obras – atendimento normal ao público

– 18 de novembro: prazo final para desocupação da Ala Norte pelos antigos comerciantes, interdição do local e início das obras

– 26 de novembro: divulgação dos ganhadores do Concurso Nacional para Cobertura do Vão Central do Mercado Público

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– Março de 2014: fim das obra na Ala Norte

– Abril de 2014: início das obras na Ala Sul – Julho de 2014: fim das obras