Os professores de filosofia Mário Sérgio Cortella e Clóvis de Barros Silva protagonizaram duas horas e 20 minutos de ensinamentos e reflexões sobre aspectos de valores morais; cidadania, política, liderança; e de como é complexa a transição civilizatória em períodos caóticos e de mudanças velozes. Mais de duas mil pessoas superlotaram o auditório da Expoville, em Joinville, na quarta-feira. O evento foi promovido pela Ajorpeme.

Continua depois da publicidade

Barros Silva sintetizou: se precisamos de happy hour, é porque a vida está ruim. Confira uma sítese das reflexões feitas por ele

Sem controle

A construção de nosso tempo é de ambiguidade. A gente vive escolhendo as situações e as coisas que queremos viver. No entanto, estamos sempre à mercê do que não controlamos. Preocupamo-nos com as situações que não compreendemos. Boa parte da vida é feita de coisas que não imaginávamos viver. Lógico que buscamos sempre o melhor. Perseguir a excelência e a melhor performance dará sentido à felicidade.

Continua depois da publicidade

Leia as últimas notícias de Joinville e região.

Leia outras notícias de Claudio Loetz.

Happy hour

Quando a vida fica sem sentido, a infelicidade nos invade. Happy hour é hora feliz. A nossa geração, dos que têm 50 anos – ou mais – criou a happy hour. Geralmente acontece quando acabamos o trabalho, normalmente às sextas-feiras, a partir das 18 horas. Então, temos que admitir que a vida é ruim, nos desagrada, se precisamos ter uma happy hour no fim de uma semana de trabalho. Esse comportamento é uma estupidez coletiva.

Vitória

A vitória sempre é circunstancial. Vitória, em algum momento, não te faz vitorioso para sempre. A felicidade depende das escolhas que fazemos. A felicidade é aquele instante que gostaríamos de repetir. Se, em algum dia, você foi aplaudido, você compreende que o seu comportamento satisfaz a outros. E tende a repeti-lo. Mas aí já encontrará uma nova situação. E outro público.

Felicidade

Temos de buscar aquilo que nos dá felicidade. Aquele lugar onde nunca estive antes e que, ao encontrar, me dá a oportunidade de experimentar o melhor possível. Felicidade é aquela situação que queremos repetir. Temos que ter a ambição de encontrar o nosso lugar natural. Experimentei, como criança, muitas experiências negativas. Encontrei o meu lugar natural na sala de aula. Qual é o seu? Quando você encontrá-lo, será feliz no trabalho.

Continua depois da publicidade

Convivência

Noventa e nove por cento da nossa vida é com os outros que se dá. Normalmente, com alguém parecido com a gente. E nos encantamos no começo. Com o passar do tempo, descobrimos o que não gostamos no outro. Nossa convivência social pode ser melhor do que é se aprendermos a enxergar as coisas, também, pelo prisma alheio.

Solidariedade

Jesus deu lição de beleza ímpar. Mostrou que a vida deve ser dedicada ao outro. Algo absolutamente subversivo numa época na qual se pensava que a felicidade era só a glória e enriquecimento. Quando, no trabalho, o time se gosta, todos se esforçam pelos demais; há solidariedade. Um time assim não perde de sete. A ideia de que o concorrente bom é concorrente morto é ruim para todos.

Ameaça

O que pode ameaçar a ética é toda iniciativa que, com o objetivo de levar vantagem, agride a inteligência. Um valor para a vida é o comprometimento com o que se prometeu fazer. O respeito ao que foi prometido ao outro – tanto nas relações pessoais, como nas situações de negócios – é absolutamente indispensável. Não traia as expectativas.

Continua depois da publicidade