Presidente da ONG Sonhos de Liberdade, Maurício Nonato conversou com a reportagem do Sol Diário sobre as condições da unidade:
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Como você começou a trabalhar com menores infratores?
Fui jogador de futebol profissional e em 1990 parei, quando vim da Grécia. Montei comércio, mas eu não estava feliz. Aí surgiu a ideia de um programa social diferenciado. Então comecei a fazer um trabalho nas favelas e periferias. Com esse trabalho houve uma redução da reincidência de crimes. Aí o governo do Estado de Minas Gerais me convidou para fazer de palestras dentro de presídios menores. Depois assumimos a direção do Centro de Internação Provisória (Ceip) em Belo Horizonte. Há dois anos saímos da unidade e assumimos um trabalho preventivo em Ribeirão das Neves.
Há diferença entre o trabalho feito aqui em Itajaí e o que vocês realizavam em Minas?
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Como nós temos jovens de todos os lugares de Santa Catarina o que me espantou é que com a intervenção do Estado os agentes falavam “esse aqui já passou por nós há três anos em tal local”. Mas o que foi feito com esse menino? Se ele está aqui novamente não houve um trabalho de egresso e também não há um trabalho de prevenção. É essa a nossa preocupação. Se fora ele não tiver objetivo a tendência é voltar para a criminalidade.
Em Minas Gerais, na unidade que vocês gerenciavam, existiam esses convênios?
Lá nós temos parceria com fábrica de bolas e padaria. É esse tipo de coisa que queremos implantar aqui. O pontapé inicial aqui foi a parceria com o Clube Náutico Marcílio Dias.
Por que você acredita que o Casep de Itajaí é uma das unidades para menores mais problemáticas do Estado?
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Esses meninos vêm de todos os lados. Então quando a saudade da família aperta a tendência é eles fugirem. Aqui a maior parte dos adolescentes caiu por causa de drogas. O tráfico vem seguido de roubo, mortes e até envolvimento com facções.
Hoje o Casep tem quantos adolescentes?
Hoje estamos com 32. O convênio foi feito para 30 adolescentes, mas esse número sempre passa. A gente reclama, mas não podemos deixar esse jovem dormir em uma pedra. Conseguimos colchões e tudo, mas esses meninos não têm condições de ficar aqui. Quando abre vaga em outra unidade, eles são transferidos.
Que melhorias foram feitas na unidade desde que vocês assumiram?
Nós implantamos o monitoramento eletrônico e vamos trocar a proteção de uma das quadras, que interditamos porque o Estado nos entregou com uma tela de tecido. O adolescente corta aquilo ali e sai. Daqui uma semana mais ou menos vamos trocar aquela tela por uma de metal.
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