O país precisa de uma reforma previdenciária, encontrar uma forma de conter o gasto com pessoal e abrir as portas para iniciativa privada. Esses foram os três pontos defendidos pelo comentarista econômico Carlos Alberto Sardenberg na noite desta segunda-feira como necessários para o Brasil ter sucesso. O tripé apresentado por ele durante um evento no Teatro Carlos Gomes foi embasado em uma realidade explicitada em números pelo especialista. Segundo ele, o Brasil não tem problemas com as contas externas, mas as internas assustam e exigem providências antes que cheguem ao colapso.
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Mesmo com a retomada após a crise que teve o auge em 2016, saindo de um Produto Interno Bruto (PIB) de -3.6% em 2016 e passando para 1.5% em 2018, Sardenberg defende a necessidade de um crescimento mínimo na casa dos 5%. Para ele, isso só será possível quando o governo federal conseguir controlar as contas internas e ampliar a capacidade de investimento. Com 65% de toda a receita aplicada atualmente no pagamento de INSS e pessoal, o que chega à casa R$ 420 bilhões, e apenas R$ 21.5 bilhões destinados a investimentos, o cenário é complexo.
— É nada isso, lembrando o tamanho das necessidades de infraestrutura do Brasil — argumentou.
Na visão do comentarista, o Executivo Federal tenta frear as contas economizando em serviços de ponta aos cidadãos, como saúde, educação e segurança. Só assim conseguirá dar conta de valores considerados exorbitantes por ele com folhas de pagamento e previdência social. No acumulado dos últimos 12 meses, segundo Sardenberg, o déficit nessa área é de R$ 194.5 bilhões. Sem isso, apontou, o Brasil sairia do vermelho.
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Apesar de ter um dever de casa interno para fazer, o jornalista com 45 anos de experiência reforçou o aspecto político no crescimento do país. Os números apresentado por ele demonstram que o Brasil estava retomando o crescimento ao longo dos últimos dois anos, mas os escândalos envolvendo nomes importantes do atual Governo fizeram a indústria e o consumidor perderem a confiança no mercado e voltaram a retrair. A greve dos caminhoneiros, por sua vez, agravou o cenário, na perspectiva de Sardenberg, com a dificuldade de resolução do impasse, que se estende até hoje com os dilemas envolvendo as tabelas de frente que afetaram, por exemplo, o escoamento da safra de grãos.
— Nós precisamos de um Brasil novo, um Brasil moderno, aberto para o comércio internacional e que funcione sem depender de dinheiro barato do Governo — defendeu, ao frisar que muitas empresas se mantêm com financiamentos públicos. O comentarista reforçou ainda a necessidade de gestores que também não atrapalhem a atuação dos empresários, desde que estes descumpram as leis. Como maior exportador de alimentos e o terceiro maior mercado de computadores, ele apontou o potencial brasileiro.