Vanessa Goulart Santos Figueiredo tem 31 anos e é mãe da pequena Vitória, de nove anos, que é portadora de síndrome de Down. A luta pela filha começou quando ela ainda estava no ventre, pois não havia perspectiva de que o feto vingasse por um problema na placenta.
Continua depois da publicidade
Porém, a vontade de ser mãe foi maior do que qualquer obstáculo. Para o médico, a sobrevivência de Vitória foi um milagre. Logo após o nascimento, Vanessa descobriu que haveria mais uma batalha. A descoberta da síndrome foi um choque superado no instante seguinte.
– Minha mãe se ofereceu para cuidar dela. Por mais desesperada que eu estivesse, eu disse: não. Eu sou a mãe e eu vou cuidar dela.
Continua depois da publicidade
Ainda no hospital, Vanessa recebeu orientação de como proceder. Com dez dias de vida, Vitória já frequentava a Apae em Curitiba, onde morava. O caminho até a associação era de duas horas. Apesar das dificuldades, a mãe deixou de trabalhar para se dedicar totalmente à filha.
Vanessa entendeu que Vitória era normal e que precisava apenas de um estímulo a mais para se desenvolver. O reflexo da determinação dela foi percebido logo cedo. A pequena começou a andar aos 11 meses e a falar com dois anos.
Hoje, nove anos depois, Vitória é uma garotinha independente nos afazeres do dia a dia, além de muito simpática e extrovertida. Após mudar-se para Joinville, aos três anos, a pequena continuou frequentando as instituições que oferecem atendimento especializado à pessoa com deficiência.
Continua depois da publicidade
A única preocupação que tem tirado o sono de Vanessa é a falta de professor especializado para ensinar o conteúdo a Vitória na sala de aula. Ela sabe da capacidade da filha de aprender e buscou todos os caminhos para conquistar o direito dela, até chegar à Defensoria Pública. Vanessa conseguiu uma decisão liminar que determina a contratação imediata de um professor especializado para auxiliar com o conteúdo pedagógico.
– O que me preocupa é a alfabetização. Ela já vai para a 4ª série, mas não sabe ler e nem escrever. No ano passado, nem auxiliar tinha. Fiquei desesperada. Liguei na Secretaria de Educação e disse: ?Minha filha precisa, ela é Síndrome de Down?. Eles tiveram o absurdo de responder: ?Nós estamos conscientes disso, mas ela pode ir ao banheiro e comer sozinha?. Mas espera aí. Ela precisa ser alfabetizada, precisa de uma professora para ela. A inclusão no Brasil é uma mentira. Só porque ela vai para a escola e senta lá com 25 alunos ela está inclusa? Não é verdade – desabafou.
Vanessa está feliz por conseguir a decisão favorável na Justiça. Ela aguarda ansiosa pelo primeiro dia de aula. Se a professora extra estará lá, ela ainda não sabe, mas tem certeza de que não desistirá nem por um segundo.
Continua depois da publicidade
– Se não estiver lá (a professora), eu vou ter que correr atrás. Mas tenho certeza de que ela virá, nem que seja pela ordem do juiz. Estou muito feliz por isso. Entendo que não é culpa da diretora, nem da professora da turma. Mas nós temos muitos direitos que nem sabemos. Se eu não lutar pela minha filha, quem vai fazer isso por ela?
Entendo que não é a culpa da diretora, nem da professora da turma. Mas nós temos muitos direitos que nem sabemos.
Contraponto
Secretaria Municipal de Educação
– No caso da Vitória Goulart Santos Figueiredo, de nove anos, que é portadora de síndrome de Down, também existe uma decisão liminar que determina a contratação imediata de um professor especializado para auxiliar com o conteúdo pedagógico. Ela estuda na Escola Municipal Pedro Ivo Campos.
Continua depois da publicidade
– Resposta da secretaria: a Secretaria da Educação já tem auxiliar educacional para atender à aluna.