Três dias depois de ser comunicado de seu afastamento da Diretoria Estadual de Investigações Criminais (Deic), o delegado Alexandre Carvalho falou com a imprensa, nesta segunda-feira, em sua sala, ainda como titular da Divisão de Furtos e Roubos de Veículos, onde está há três anos e meio.
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O delegado Alexandre comentou a entrevista do diretor da Deic, delegado Akira Sato ao DC, publicada nesta segunda-feira. Na matéria, Sato negou que o afastamento tenha fundo político, mas policiais que trabalham na Deic e que preferiram não se identificar disseram nesta segunda que o verdadeiro motivo do afastamento é o inquérito conduzido pelo delegado Alexandre sobre o desvio de peças do pátio da Secretaria de Segurança Pública (SSP).
O secretário-adjunto da SSP, coronel Fernando de Menezes foi um dos indiciados no inquérito, que está na Justiça. Há policiais, inclusive, que acreditam que o afastamento é mais um episódio para enfraquecer a Deic. A reportagem também falou com integrantes da equipe do delegado Alexandre Carvalho.
Diário Catarinense – O senhor esperava ser afastado depois do caso ferro-velho? Como está se sentindo?
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Alexandre Carvalho – Não, de jeito nenhum. Fiquei sabendo na sexta-feira, foi uma surpresa. Estou muito triste de deixar a Deic. O sonho da minha carreira é trabalhar aqui. Saí da Polícia Federal porque queria trabalhar na Deic. Na Deic a gente consegue combater o crime organizado com mais tempo, equipe e logística especializada.
DC – O senhor foi comunicado da exoneração pelo delegado Akira Sato? Como foi?
Alexandre – Ele estava de férias, a adjunta (delegada Ana Ramos Pires) estava viajando. Ele (Sato) veio só para isso. Eu não quis falar sobre os resultados nem me defender. A decisão já estava tomada. Ele disse para eu me apresentar ao chefe de polícia e para eu terminar meus inquéritos. Falou que está reestruturando a Deic e me escolheu.
DC – Na matéria, o delegado Sato disse que sua equipe produziu muito mais durante suas férias e que o seu comando no grupo não o agradou. Como o senhor analisa esse comentário?
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Alexandre – Em três anos e meio não cometi nenhuma falta grave nem obtive poucos resultados. Pelo contrário, se estou saindo agora foi pelo excesso de resultado contra o crime organizado. Meu objetivo sempre foi prender desde os criminosos que executam as ordens até os chefões do crime organizado. Foram muitos veículos apreendidos, quadrilhas desmanteladas e pessoas indiciadas, seja delegado ou coronel. Minha consciência está tranquila.
DC – O senhor se refere ao inquérito do ferro-velho?
Alexandre – Não posso achar nada, só analisar fatos. E o fato é que sempre mostrei resultados. Este ano, inclusive, foi o que mais deu resultado. Sou técnico da equipe, não sou insubstituível, mas a equipe está ganhando. Nesta reestruturação da Deic, por que tirar o técnico de uma das equipes que mais dá resultados?
DC – Policiais da Deic disseram que o verdadeiro motivo é político, por causa do inquérito conduzido pelo senhor, em que o segundo homem da SSP foi indiciado.
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Alexandre – Só posso dizer que acredito muito na Justiça catarinense. Existem indícios concretos do cometimento de crime por parte de todos os indiciados neste inquérito.
O que dizem integrantes da Divisão de Furtos e Roubos de Veículos e que preferiram não se identificar:
“O delegado Alexandre foi parceiro, fiel, fez relevante trabalho para a divisão, a Deic e a sociedade”
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“A divisão ficou surpresa com a saída dele. Sob seu comando, tivemos excelentes resultados”
“Sempre deu suporte ao nosso trabalho. Foi uma das gestões que mais apreendeu veículos em tão pouco tempo”
“Não é qualquer delegado que investiga delegado e coronel. Sem dúvida, a saída dele foi política”
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“A equipe está solidária ao delegado Alexandre Carvalho”