Santa Catarina teve a maior redução da desigualdade no país entre brancos e negros entre 2000 e 2010, porém ainda está distante do cenário ideal. É o que aponta um lentamento, divulgado nesta quarta-feira, que mostra que a diferença do Índice de Desenvolvimento Humano Municipal (IDHM) da população branca e negra catarinense diminuiu mais do que o registrado nos outros Estados.
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Em 2000, o índice da população branca de SC era de 0,687 e da negra era de 0,556 – uma diferença de 0,131 entre os dois grupos. Já em 2010, passou para 0,789 e 0,705, respectivamente, o que resultou numa distância de 0,084. Dessa forma, em uma década, a disparidade das duas populações caiu 0,047 no Estado. O Espírito Santo (0,042) e o Mato Grosso do Sul (0,042) também apresentaram elevada redução na diferença. No país, a queda foi de 0,046. Em contrapartida, Roraima apresentou aumento de 0,033.
O relatório é do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD) no Brasil, Instituto de Pesquisa Econômica e Aplicada (Ipea) e Fundação João Pinheiro (FJP).
A coordenadora técnica do Atlas do Desenvolvimento Humano no Brasil do Ipea, Bárbara Marguti, reforça que o IDHM da população negra em SC avançou mais do que o da branca, o que explica a redução da distância do indicadores:
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— O avanço da população negra em SC foi de 22%, enquanto a de branca foi de 13%. Isso faz com que a diferença reduza de 0,131 para 0,084. A melhora do IDHM de negros do Estado aconteceu principalmente pela melhoria dos indicadores educacionais, na ordem de 60%, que analisam dados de alfabetização e curso de série no anos certo. Longevidade também teve melhoria, mas a menor de todas, 12%, e da renda teve 14%. Um caminho para atingir a maior aproximação dessas população é atacar a renda, e manter essa inserção da população negra na escola — reforça.
Porém o Estado está longe da igualdade de renda, educação e longevidade entre as duas populações. Em SC, os brancos têm IDHM 11,9% maior do que os negros. Em 2000, era ainda pior: 23,5%. As menores diferenças percentuais em 2010 foram registradas no Amapá (8,2%), Rondônia (8,5%) e Sergipe (8,6%). Já as maiores diferenças aparecem no Rio Grande do Sul (13,9%), Maranhão (13,9%) e Rio de Janeiro (13,4%).
— Sempre preocupa essa diferença, porque isso demonstra desigualdade. É preciso ter um olhar continuado e avaliar o que deu certo, que fez essa distância diminuir, e o que tem que ser feito para que se chegue a um nível 0 de desigualdade. Isso passa necessariamente por políticas públicas — complementa Bárbara.
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Os órgãos querem que, por meio dessa análise, seja possível subsidiar a elaboração de políticas públicas que visem a promoção da igualdade racial, de gênero e das condições. Enquanto os negros chegaram ao índice de 0,679 em 2010, os brancos já tinham 0,675 em 2000, tendo evoluído para 0,777 na década seguinte – uma “desigualdade que precisa ser reparada”.Ou seja, foi somente em 2010 que os negros alcançaram um patamar que os brancos já possuíam desde 2000.
Homens e mulheres
No que tange às diferenças entre sexos, em 2010 a mulher apresentou renda média no trabalho de R$ 1.059,30, isto é, 28% inferior à renda média do trabalho dos homens, de R$ 1.470,73, mostrou a pesquisa.
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Em SC, essa diferença é ainda mais gritante. O Estado apresenta a maior diferença nos contracheques de homens (R$1.655,74) e mulheres (R$1.079,82). Em Santa Catarina, a renda média mensal dos homens é 84% superior à das mulheres.
Em contrapartida, as mulheres no país estudam mais: 56,7% das mulheres com mais de 18 anos têm o ensino fundamental completo, ante 53% dos homens.
“É necessário que se continue, progressivamente, a promover políticas abrangentes adaptadas às populações que sofrem discriminações e exclusões históricas, evitando retrocessos e garantindo que ninguém será deixado para trás”, sugere o relatório.
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O que que é o IDHM
O Índice de Desenvolvimento Humano Municipal (IDHM) é uma medida composta de indicadores de três dimensões do desenvolvimento humano: longevidade, educação e renda. O índice varia de 0 a 1. Quanto mais próximo de 1, maior o desenvolvimento humano.
* Com Estadão Conteúdo
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