A partir de junho, quem precisar de uma cirurgia eletiva – aquela que não é considerada de emergência – vai precisar esperar mais tempo na fila em Santa Catarina. A Secretaria de Estado da Saúde confirmou o cancelamento dos mutirões de cirurgias eletivas para 2016. Com isso, os hospitais só farão os procedimentos previstos dentro do orçamento de cada unidade.

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Em 2015, Santa Catarina tinha 115 hospitais filantrópicos que realizavam procedimentos eletivos em mutirões. Em média, eram feitas 2,2 mil cirurgias ao mês.

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Para se ter uma ideia, somente Blumenau realizou mais de 12,5 mil cirurgias eletivas e do aparelho da visão, como de catarata, por exemplo. Sem os mutirões, a previsão é que sejam cerca de 4 mil cirurgias a menos em um ano, segundo matéria produzida pela equipe do RBS Notícias.

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O mutirão, adotado no Estado há quatro anos, incentivou hospitais menores a absorverem essas cirurgias, usando leitos desocupados e aumentando a receita. Mas desde o ano passado a situação começou a preocupar os gestores em saúde, pois atrasos nos pagamentos passaram a comprometer os atendimentos.

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O Hospital São Donato, de Içara, por exemplo, deixou de realizar 125 cirurgias eletivas nas últimas semanas, antes mesmo do anúncio oficial do fim do mutirão. O governo já deve mais de R$ 1,5 milhão para a instituição pelas cirurgias feitas desde o começo do ano. Em Urussanga, a direção do hospital local diz que, sem os mutirões, a unidade corre o risco de fechar as portas.

A própria Secretaria de Estado da Saúde admitiu que os mutirões passaram a ser fundamentais para os hospitais menores no documento em que aprovou o mutirão de cirurgias para 2016. A aprovação aconteceu exatamente um mês antes da decisão de acabar com os mutirões. Só de maio a dezembro de 2015, a região sul do estado fez mais de 4,3 mil procedimentos eletivos.

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— O município não tem condição de assumir este programa. Agora a gente vai tentar reorganizar nossas necessidades cirúrgicas e tentar garantir esta cirurgia eletiva — afirma o secretário de Saúde de Criciúma, Victor Benincá.

O secretário geral da Ahesc, Atiliano Laffin, acredita que, com a decisão, deve haver redução de pessoal e “provavelmente até fechamento de unidades”.

— O que nós precisaríamos neste momento, segundo informação da Secretaria de Estado de Saúde, seria algo em torno de R$ 30 milhões. Poderia ser criado um fundo pra custear a realização desses procedimentos — defende Laffin.

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A Secretaria de Saúde de SC reforça, em nota que a medida não significa que serão suspensas as cirurgias eletivas no Estado. “As cirurgias eletivas de urgência, emergência e de sequência de atendimento continuarão sendo feitas nos hospitais dentro da cota prevista e contratada por cada unidade. Cirurgias eletivas do mutirão já agendadas serão realizadas”.

A nota diz ainda que a decisão foi tomada em razão do cancelamento, no ano passado, do programa por parte do governo federal e da consequente falta de repasses. “Os últimos pagamentos feitos pelo Ministério da Saúde são referentes a agosto de 2015. Santa Catarina foi o último Estado brasileiro a suspender a realização do programa”.