O Estado vai começar o ano com R$ 15,5 milhões para investir nas unidades prisionais catarinenses. Os recursos do Ministério da Justiça, por meio do Fundo Penitenciário Nacional (Funpen) são para modernização e aprimoramento do sistema.

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Embora tenha uma das menores populações carcerárias do país, com cerca de 20 mil presos, Santa Catarina também enfrenta problemas como superlotação, ausência de bloqueadores de sinal de aparelhos celulares e expansão de facções criminosas dentro das cadeias.

O valor para o Estado é um dos menores do país, já que a distribuição considera o número de presos. De acordo com o secretário-adjunto de Justiça e Cidadania de SC, Leandro Lima, a maior parte do dinheiro, quase R$ 10 milhões, vai ser toda investida “em coletes balísticos e viaturas”.

Falta, porém, definir a aplicação de outros R$ 4,6 milhões, 30% do total, que devem ser direcionados à construção, reforma e ampliação de unidades prisionais para aumentar a oferta de vagas. Assim, seria possível diminuir o déficit de 3.264 vagas no Estado, cerca de 19,75% do total, de acordo com o Conselho Nacional de Justiça.

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– Falta definir o investimento para abertura, reforma e ampliação. Como isso não precisava enviar ainda (para Brasília), estamos estudando, pois precisamos mandar o projeto arquitetônico. Pode ser o Presídio Santa Augusta, em Criciúma, ou o Complexo da Canhanduba, em Itajaí. Como esse dinheiro federal tem muitas regras, a Canhanduba é a favorita, porque lá não tem as condicionantes ambientais, há espaço e o valor é suficiente para usarmos –garante Lima.

Diretor do complexo de Itajaí, Juliano Stoeberl não tinha conhecimento da possibilidade do dinheiro ser repassado para a Canhanduba. Lembrou que a penitenciária tem um déficit de cerca 35% de vagas entre os 2,3 mil presos que cumprem pena, algo como 805 pessoas a mais do que a capacidade da estrutura.

O valor disponibilizado pelo Ministério da Justiça também pode ser aplicados em modernização e aparelhamento das prisões, alternativas penais, monitoração eletrônica, garantia de direito das mulheres, capacitação de servidores e pesquisas na área penal, entre outras situações.

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Fundo da Justiça permitirá instalar bloqueadores de celular na Canhanduba

Dos 48 estabelecimentos prisionais de SC, apenas quatro possuem bloqueadores de celular – Joaçaba, Caçador, Mafra e Industrial de Joinville -, medida que dificulta sobremaneira a comunicação entre presos faccionados. A partir do final de janeiro, o Complexo da Canhanduba, local onde um inquérito da Deic constatou como uma das cadeias mais vulneráveis e desprotegidas na comunicação entre presos e criminosos nas ruas, deve estar com os bloqueadores instalados em toda estrutura para presos dos regimes fechado e semiaberto. Os equipamentos foram adquiridos através de um fundo social da Justiça (multas pecuniárias), que fica guardado no Fórum da Comarca de Itajaí, e cujo valor de R$ 470 mil foi liberado pelo Ministério Público de Santa Catarina e Justiça para aplicar nos bloqueadores.

— Vamos comprar os bloqueadores, que virão de Israel. Esperamos que no final de janeiro já estejam funcionando. Para a gente, vai ser ótimo, porque sabemos que os presos usam celulares e isso fomenta a criminalidade — pontua o diretor da Canhanduba, Juliano Stoeberl.

Enquanto a novela dos bloqueadores – antiga promessa da SJC que a cada onda de atentados no Estado ganha força, mas nunca sai do papel – parece estar próxima do fim em Itajaí, em outras cidades com grande população carcerária, como a Grande Florianópolis, ela ainda não tem data nem previsão de terminar. Isso porque a SJC, que diz não ter dinheiro para investir nos equipamentos, agora se agarra no projeto de lei 3019/15, do deputado federal Baleia Rossi (PMSB/SP), que obriga as empresas e operadoras de telefonia celular a instalarem bloqueadores de sinal em unidades prisionais. Para Lima, “é questão de tempo” para o projeto ser aprovado:

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— Outros bloqueadores que temos também são fruto de transação penal. É importante. Mas sobre os bloqueadores em outras penitenciárias, temos indicativo que vai passar e vamos aguardar, até remanejamos o dinheiro dos bloqueadores para os escâneres corporais — explica Lima.

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