Santa Catarina já não ocupa mais a melhor posição no ranking nacional de homicídios. Dados divulgados nesta segunda-feira pelo Atlas da Violência revelam que o Estado registrou uma proporção de assassinatos maior do que São Paulo, se consideradas as duas populações. A cada grupo de 100 mil habitantes, Santa Catarina registrou 14 mortes. Em São Paulo, a taxa foi de 12,1 mortes, a menor marca do país.
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O estudo foi feito pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) e pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública (FBSP) com base em índices de 2015. Essa é a primeira vez que Santa Catarina deixa de ocupar a posição mais privilegiada no ranking, atualizado desde 2005. Na edição anterior, o Estado ainda era o melhor da lista, com 13,5 mortes para cada grupo de 100 mil habitantes. Até então, São Paulo ficava uma posição abaixo porque apresentava taxa de 14 óbitos, a mesma de SC no estudo atual.
Em entrevista ao DC de sexta-feira, a doutora em sociologia Camila Caldeira Nunes Dias, pesquisadora da maior facção criminosa de São Paulo, apontou que as cidades paulistas registram queda nos índices de homicídios justamente por haver uma única organização dominante na região. Em Estados como SC, apontou a especialista, a disputa entre facções costuma ser marcada pela violência.
Proporcionalmente, o Atlas ainda aponta que os homicídios nas cidades catarinenses cresceram 30,1% entre 2005 e 2015. Em números absolutos, o salto foi de 51,2%: passando de 633 casos em 2005 para 957 mortes em 2015. Em relação à edição do ano anterior, as mortes decorrentes da ação policial em SC caíram de 88 casos para 54. Entre os jovens catarinenses, os homicídios tiveram 37,3% de crescimento entre 2005 e 2015. A média nacional de aumento de mortes de jovens é de 16,7%.
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No dado por 100 mil habitantes, os homicídios de jovens negros catarinenses tiveram aumento de 50% entre 2005 e 2015. Em relação à violência contra a mulher, os números de Santa Catarina também superam os de São Paulo. Foram registradas 2,8 mortes de mulheres para cada 100 mil habitantes em Santa Catarina, enquanto em São Paulo a taxa foi 2,4 mortes. Quanto aos homicídios de mulheres negras, Santa Catarina registra um dado preocupante: houve crescimento de 133,4% entre 2005 e 2015.