Santa Catarina tem as duas cidades mais pacíficas do Brasil, segundo dados do Atlas da Violência feito pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) e pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública (FBSP), com base nos índices de 2015. Jaraguá do Sul e Brusque lideram a lista. A taxa de mortes por 100 mil habitantes de Jaraguá foi de 3,1 casos, enquanto em Brusque foi 4,1. Blumenau também está entre as mais pacíficas, com índice de 9,7.

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O recorte das 30 cidades brasileiras mais pacíficas foi feito com base no potencial de ter apresentado a menor e a maior prevalência de agressões letais. Na lista das cidades mais violentas, Altamira (PA) lidera. São 105,2 casos de homicídios por 100 mil habitantes. Da Região Sul, os representantes neste quesito são Almirante Tamandaré (PR), Piraquara (PR) e Alvorada (RS).

O Atlas faz uma comparação entre Jaraguá do Sul e Altamira. O documento diz que as duas cidades compreendem populações de 164 mil e 108 mil habitantes e densidades demográficas de 268,8 e 0,65 habitantes por quilômetro quadrado, respectivamente.

Segundo o texto, “além das diferenças demográficas e culturais, o Censo Demográfico do IBGE mostrava profundas distâncias entre esses dois municípios no que se refere aos Índices de Desenvolvimento Humano”. Conforme o Atlas, enquanto em 2010 Jaraguá do Sul estava num patamar alto de desenvolvimento (IDH = 0,803), Altamira situava-se num nível médio (IDH =0,665).

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Para os organizadores, enquanto os indicadores de escolaridade e de renda são favoráveis ao município catarinense, “consideramos outros canais que potencialmente explicam a relação entre crescimento econômico e criminalidade violenta, que podem ajudar a entender as diferenças de letalidade violenta nos territórios”.

Santa Catarina tem o segundo melhor índice entre os Estados

No índice por 100 mil habitantes, Santa Catarina é o segundo Estado com o menor número de homicídios, fica atrás apenas de São Paulo. O dado de SC é de 14 casos por 100 mil, enquanto o de SP é de 12,1. Por outro lado, as cidades catarinenses tiveram um aumento de 30,1% na comparação entre 2015 e 2005. Neste mesmo período, o número de homicídios absolutos cresceu 51,2%: saltou de 633 para 957.

Em mortes decorrentes da ação policial em SC, o índice teve uma queda significativa entre 2014 e 2015. Os homicídios a partir de policiais em serviço caíram de 88 para 54. Por outro lado, policiais fora de serviço mataram três vezes mais na mesma comparação: o número subiu de três para nove. No total absoluto, caiu de 91 para 63 o número de mortes decorrente de ação policial.

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Entre os jovens catarinenses, os homicídios tiveram 37,3% de acréscimo entre 2005 e 2015. A média nacional de aumento de mortes de jovens é de 16,7%. No dado por 100 mil habitantes, os homicídios de jovens negros teve aumento de 50% entre 2005 e 2015: saltaram de 13,7 para 20,6.

Nos números de violência contra a mulher, SC tem o segundo menor índice por 100 mil habitantes do país: 2,8. Novamente, fica somente atrás de SP, que registrou 2,4 em 2015. Quando a pesquisa observa o dado de homicídio de mulheres negras, o Estado registra um dado preocupante: crescimento de 133,4% entre 2005 e 2015.

SC tem aumento de mortes desde 2015

Mesmo que mostrem um crescimento dos homicídios em SC na comparação com 10 anos antes, os números do Atlas deixam de fora outro aumento, o dos assassinatos desde 2015 no Estado. Em 2016, houve um aumento de 6,2% no número comparado com o ano anterior.

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Neste ano, somente nos primeiros três meses do ano, em comparação com 2016, as mortes violentas no Estado aumentaram 10%. Segundo o especialista em criminologia e professor da Univali, Alceu de Oliveira Pinto Junior, a curva de crescimento dos homicídios em SC é muito grande.

— Caso não se trabalhe contra o crime organizado, ficará mais complicado. Tenos uma nova realidade que começou em 2012, mas se intensificou no último ano e meio, principalmente na intenção de uma facção criminosas de São Paulo de se expandir no Estado. Com isso, está se criando um grande número de homicídios. Não temos motivos para ficar relaxados.

O especialista argumenta que o Estado precisa ser dividido em dois padrões. Um deles é o da região metropolitana e o outro do interior, em cidades médias e pequenas onde a insegurança não é grande por causa da colonização e das influências culturais.

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Crescimento de 10,6% na média nacional

O Atlas foi feito com base em dados do Sistema de Informação sobre Mortalidade (SIM), do Ministério da Saúde, que traz informações sobre incidentes até ano de 2015. Em alguns tópicos foram cruzados os índices outros de registros policiais publicados 10º Anuário Brasileiro de Segurança Pública.

Pelo documento, em 2015 houve 590.080 homicídios no Brasil, o que equivale a uma taxa por 100 mil habitantes de 28,9. Em 2005, ano usado para comparação pelos organizadores do levantamento, a taxa nacional era de 26,1. A variação foi de 10,6%.