Uma bicicleta fantasma, a 11ª apenas na cidade de Florianópolis, será instalada em homenagem ao jornalista Róger Bitencourt, que morreu atropelado na manhã de domingo enquanto treinava na ciclofaixa da SC-401, próximo ao trevo de Jurerê. A colocação do objeto no local da morte, para lembrar o falecimento do ciclista mas, ao mesmo tempo, protestar por mais conscientização no trânsito, está prevista para o dia 3 de janeiro, o próximo domingo.

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Jornalista Róger Bitencourt morre atropelado em Florianópolis

— O objetivo é chamar atenção para o fato de que não foi um acidente. É despertar o mesmo sentimento de quando a gente vê uma cruz na beira da estrada — explica a ciclista Rafaella Della Giustina, uma das que está participando da organização do ato.

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Também está sendo organizado um protesto para o dia 30 de dezembro, a partir do posto da Polícia Militar Rodoviária do Norte da Ilha, na SC-401. Ciclistas vão se concentrar no local a partir das 11h30 e depois partem em uma pedalada que deve seguir até o centro administrativo do governo de Santa Catarina, para cobrar ações do Poder Público.

— No caso do nosso amigo Róger, é uma questão de impunidade. Estava no velório dele e pedi para o prefeito e para o governador, pelo amor de Deus: uma estrada como a SC-401 deveria ter uma ciclovia separada da via. Já temos competência, já sabemos como fazer e isso é ignorado completamente na execução. Quando é feito, é feito errado — desabafou Daniel Araújo Costa, presidente da Associação dos Ciclousuários da Grande Florianópolis (ViaCiclo).

As bicicletas fantasmas são uma ação global que busca chamar atenção para a morte de ciclistas e para a necessidade de realizar melhorias tanto nas estruturas disponíveis como na consciência dos motoristas. Ao redor do mundo, são 630 destes memoriais em 28 países diferentes. A primeira foi instalada em Saint Louis, Missouri, no Estados Unidos, em 2003.

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Apenas na SC-401, são seis bicicletas fantasmas. A rodovia concentra mais da metade das instaladas desde 2008 em Florianópolis, quando ciclistas da cidade começaram a fazer essa forma de protesto.

A segunda de 2015

O professor Gabriel Serôa foi atingido por uma moto quando voltava de bicicleta para casa pela Via Expressa Sul
O professor Gabriel Serôa foi atingido por uma moto quando voltava de bicicleta para casa pela Via Expressa Sul (Foto: Reprodução / Facebook)

A morte de Róger Bitencourt, aos 49 anos, não é a primeira do ano que leva à instalação de uma bicicleta fantasma. Há quase três meses, no dia 5 de outubro, o professor Gabriel Serôa da Mota, de 61 anos, foi atingido por uma moto quando voltava para casa, no bairro Saco dos Limões, pedalando pela Via Expressa Sul após um passeio até a praia do Campeche.

Ele dava aulas de Química no Instituto Federal de Santa Catarina (IFSC), em salas do Ensino Médio e de alguns cursos técnicos. Fanático pelo Avaí, era também um ativista do ciclismo. Apoiava a adoção do método de transporte como uma forma de se locomover até o trabalho.

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O protesto para a instalação da bicicleta toda pintada de branco, em um dos postes à margem da rodovia onde ele foi atropelado, reuniu cerca de 300 pessoas. Na página criada para ajudar a organizar a manifestação, sua morte é descrita como a de “mais uma vítima de um sistema desumano, egoísta e cheio de pressa.”

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