Deputados e senadores respondem, com foro privilegiado, a 378 ações no STF. Entre tantos, os presidentes da Câmara e do Senado.

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É a tônica do Congresso. “Representantes do povo” interessados unicamente na própria carreira, votando um orçamento de ficção, com as famosas emendas individuais. Criando gastos não orçamentários e se autoatribuindo aumentos e regalias.

Seria impensável um parlamentarismo à brasileira. A instabilidade tornar-se-ia uma constante. Gabinetes cairiam toda semana, debaixo de chantagens dos atuais partidos majoritários, que, segundo o senador Jarbas Vasconcelos (PMDB), “o que querem mesmo é estar perto do cofre”.

Já imaginaram a encarnação do boneco Pixuleco como primeiro-ministro? Ou o não menos notório parlamentar, o “hoje e sempre” deputado Paulo Maluf? Ou o Tiririca, com o seu popular bordão “pior do que está não fica”?

Benjamin Disraeli, o premier britânico sob a rainha Victoria, teria uma síncope no túmulo. E sir Winston Churchill se engasgaria com o próprio charuto…

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O partido no poder já teve três tesoureiros presos e condenados – Silvio Pereira, Delúbio Soares e João Vaccari Neto. Há políticos do PSDB processados ou investigados pela Lava-Jato e pelo inquérito do mensalão mineiro, como o senador Aloysio Nunes e o ex-senador e ex-governador Eduardo Azeredo. E há pequenos partidos, como o PP, com o triste recorde de processados e investigados no escândalo do Petrolão.

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Nunca se viu partidos e políticos como esses. Hoje já são 34, sob uma legislação de opereta, que estimula a fraude e a roubalheira. Basta o “registro provisório” das letrinhas para que um novo partido se habilite ao bilionário Fundo Partidário e aos negociáveis minutos de televisão em horário nobre.

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O resultado é uma crise política que está derretendo a economia do país, para espanto do mundo. O Brasil é o único país do planeta em que uma classe política desacreditada fragiliza a moeda e desorganiza o câmbio, tornando irrisória a fortaleza de suas reservas – uma das maiores do mundo, situada em torno dos US$ 370 bilhões – e subvertendo as próprias leis da economia.

Em meio ao terremoto de um governo desmoralizado – e de uma classe política não menos desacreditada – ainda há espaço para corporações reivindicarem aumentos milionários de salários e parlamentares votarem pautas-bomba que aumentam despesas e implodem o país.

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Santa Clara, será que nunca mais o Brasil terá a visão de um céu mais limpo e asseado?

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