Que o ano que termina foi difícil do ponto de vista econômico, ninguém discorda. E os números confirmam que o brasileiro está com problemas na vida financeira. Segundo dados do Serviço de Proteção ao Crédito (SPC Brasil) e da Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL), 1 milhão de brasileiros passaram a fazer parte das listas de restrição ao crédito em 2016.

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Para especialistas da área, sair do endividamento e voltar a ter o nome limpo na praça passa pela retomada do controle das finanças pessoais. E adotar o uso de uma planilha de planejamento financeiro pode abrir caminho para isso.

– Hoje, é preciso tentar fazer mais com menos, tomar as rédeas do orçamento. Se o salário, por um lado, não aumenta, é preciso tentar se organizar mais. E quem não tem salário fixo, então, precisa muito mais – orienta o educador financeiro Jó Adriano da Cruz.

Da folha de caderno ao aplicativo para smartphone, qualquer plataforma serve para se montar o planejamento de gastos. Confira como fazer e usar a sua planilha.

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A PLANILHA FINANCEIRA DO ANO NOVO

PREPARANDO O CAMPO

Retrato do momento

(Foto: Pexels.com, Divulgação)

– A sua planilha começa a nascer com um retrato de tudo que se gasta.

– Quais são os gastos fixos, aqueles que não mudam de mês para mês? Aluguel, condomínio, prestação do carro e mensalidade da escola são alguns exemplos.

– Quais são os gastos variáveis, que podem mudar de um mês para outro? Água, gás, luz e telefone são exemplos.

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– Nos gastos variáveis, use uma média como referência. Mas seja realista, isso vai fazer a planilha ser verdadeira.

– Anote tudo, o nome da despesa e o valor dela. Exemplo: Água (R$ 50), Aluguel (R$ 500), Condomínio (R$ 200).

Dica de ouro: Para esse processo, chame a família. É o momento de envolver todos desde o começo para que entendem a importância de ajustar as contas.

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O que entra na planilha

– Some o valor total que você alcançou nessa primeira etapa. Esse resultado define o que deve entrar na futura.

– Se a conta alcançou ou superou o salário, não há mais espaço para novos itens. Pelo menos, não agora.

– Mas, se ainda sobrar dinheiro, crie o item ‘Reserva” para separar mensalmente algum valor para imprevistos.

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– Ou, ainda, pode ser possível criar o item “Férias” para aquele passeio que você quer fazer no próximo verão.

A PLANILHA NASCE

Fonte: educador financeiro Adriano Severo
Fonte: educador financeiro Adriano Severo (Foto: Reprodução / Diário Gaúcho)

Multiplataforma

– Hora de começar a montar a planilha.

– Não tem desculpa! A partir desse momento vale desde a folha de caderno até o aplicativo para smartphone, passando pelas tradicionais planilhas eletrônicas.

– Cada item com o seu respectivo valor a cada mês vai nela.

No caderno

– Precisa ter, no mínimo, 12 folhas, uma para cada mês de 2017.

– No topo da folha, coloque o mês.

– Mais à esquerda, abaixo, coloque o nome das despesas que você prevê para o mês, uma abaixo da outra.

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– Ao lado, o valor daquela despesa. Prefira pular uma ou duas linhas entre cada para eventual acréscimo de informação e para deixar a página mais clean e legível.

– No final, some as despesas e coloque o valor total destacado.

Na planilha eletrônica

– Existem muitas possibilidades de planilhas, das mais complexas às mais simples.

– Se você tem o básico de conhecimento sobre os programas disponíveis, pode montar a sua.

– A mais básica consiste em escrever os meses do ano nas colunas, pulando a primeira, onde ficam as despesas mensais, uma abaixo da outra. Depois de preencher com os valores, na última linha, ficam a soma de todas as despesas. Os programas têm fórmulas que fazem esse cálculo automaticamente.

– Mas não é preciso sofrer com isso, afinal, um curso para mexer em planilhas pode tirar o orçamento dos trilhos. Baixe aqui uma planilha gratuita feita para você adaptar a sua realidade.

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USANDO A PLANILHA

(Foto: iStock,Getty Images / Divulgação)

– De nada adianta, depois de feita, deixar a planilha esquecida em uma gaveta ou naquela pasta dentro do computador.

– Ela precisa ser, a cada mês, observada e avaliada.

– Para isso, será preciso um controle real do que foi gasto na prática.

– Os gastos previstos na planilha ficam próximos da realidade?

Procure se ajustar

– Passado o eventual susto do primeiro mês, parta para o seguinte.

– Identifique qual despesa fugiu do planejamento para tentar “enquadrá-la”.

– Se ela estava na planilha e foi maior do que o previsto, descubra se foi um episódio atípico (que pode ser reduzido no mês seguinte) ou se ela deve se manter (então, corrija o valor para os meses seguintes)

– É a hora de chamar a família de novo para a sala e rediscutir os itens que fugiram do previsto e podem ser reduzidos ou substituídos. Exemplo: o plano de tevê a cabo ou internet pode ser reduzido? E como a conta de luz pode baixar mais?

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Ficando na linha

– Mesmo que nos meses seguintes a conta não feche, a planilha já deve provocar mudança no comportamento.

– Caso não se consiga mudar a situação de gastar menos do que se ganha, pelo menos é possível não fazer com que ela piore.

– Se as contas estão no vermelho, não será hora para gastos que não são essenciais. Trocar o aparelho celular que funciona bem por um novo deve esperar nesse contexto.

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– Essa realidade tem de ser bem exposta para a família entender o adiamento de alguns desejos.

Empurrão que faltava

– Além de cortar gastos, talvez seja possível aumentar a outra ponta: o dinheiro que entra na conta.

– Existe algum plano B que pode sair do papel? Você ou alguém da família podem saber fazer algo que gere uma renda extra.

– Com as contas às claras, e com uma situação indesejável, a veia empreendedora pode ganhar o empurrão que faltava.

AS ARMADILHAS

(Foto: Diogo Zanatta / Especial)

Cartão de crédito e cheque especial

– Limites do cartão e da conta não são dinheiro. Uma tentação pode ser usar esse limite para tapar alguma despesa.

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– Outro perigo é fraquejar diante de parcelamentos oferecidos nas compras, como as tais dez vezes sem juros.

– O ideal é usar o cartão para compras à vista.

Imprevistos

– Um gasto imprevisto pode quebrar um planejamento. Ninguém está livre, por exemplo, de ter de gastar com remédios.

– Por isso, tente criar o item “Reserva”, mesmo que comece com valores pequenos como R$ 30. O que você conseguir juntar será o “colchão” para amortecer eventuais imprevistos.

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Desistir do planejamento

– Jogar tudo para o alto não vai ajudar o seu bolso, só piorar ainda mais a situação.

– Os especialistas sugerem calma nessa hora. É natural que a conta demore um pouco para fechar.

– Entenda um eventual susto como parte do processo de planejamento financeiro.

ISSO TUDO SERVE PARA O QUÊ?

Avaliar a renda

– A planilha fará você tomar consciência da vida financeira.

– Com o que a planilha revelar, haverá condição de avaliar: quanto tempo para adequar a renda ao que se gasta? Quais despesas se pode e se está disposto a cortar? Quanto tempo é preciso para conseguir fazer uma reserva para outros gastos?

O hábito de poupar

(Foto: Pixabay / Pixabay)

– A planilha de planejamento pode incentivar o hábito de poupar.

– Torna-se possível visualizar o resultado de qualquer valor reservado ao longo de um ano, tanto para uma reserva quanto para a realização de um desejo específico.

– O esforço para seguir o limite imposto pela planilha também obriga a se fazer compras mais conscientes, pesquisando preços e avaliando a real necessidade.

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Fonte: Jó Adriano da Cruz, educador financeiro

APPS PARA VOCÊ CONTROLAR SEUS GASTOS

– GuiaBolso: é um serviço pessoal de controle financeiro capaz de sincronizar automaticamente todas despesas do usuário.

– Wally+: permite saber se está gastando mais dinheiro com coisas do trabalho, da vida social, do família, entre outra categorias. Basta fazer cadastro e inserir salário e data de pagamento.

– Finance: permite ao usuário controlar suas despesas e receitas rapidamente. Com uma interface simples e intuitiva, o programa exibe as diferentes categorias de gastos para o usuário.

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– Dinheirama Organizze: permite que o usuário tenha acesso às finanças facilmente mesmo se estiver desconectado da internet. O app é bem fácil de ser utilizado.

– Minhas Economias: serviço online para administrar finanças pessoais com versões também para web. Para usar o serviço, é preciso realizar um cadastro e configurar sua conta. Em seguida, é possível verificar saldo de contas bancárias, cadastrar despesas e realizar anotações e transações online.

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