Reduzir custos faz parte da rotina de qualquer organização e nem sempre é fácil destinar recursos para projetos que não estejam ligados diretamente ao negócio. No esforço de ganhar competitividade, encontrar espaço no orçamento para ações no campo social pode tornar-se um desafio.
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Para realizar um trabalho consistente, a consultora organizacional do Sistema Fiesc/Sesi-SC, Silvia do Valle Pereira, recomenda que as empresas estruturem o processo internamente.
– O compromisso social não pode ocorrer só quando o resultado é bom – afirma Silvia.
Na visão do diretor de operações da fabricante de compressores Embraco no Brasil, Emerson Zappone, é fundamental haver uma política clara, um escopo, recursos e se trabalhar de forma sistêmica.
– O investimento social só entra no DNA da empresa se estiver integrado a outros processos. Não pode ser algo independente — argumenta o diretor.
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Confira como grandes empresas da região Norte do Estado planejam o investimento social.
A Tupy já atua na comunidade há vários anos, mas a profissionalização do processo responsável pela ação social começou há menos de uma década e foi desenvolvido em etapas.
Em 2006, a empresa criou uma área de responsabilidade corporativa, com orçamento próprio, dentro do setor de recursos humanos.
Em 2011, instituiu a sua política de investimento social privado, que rege de que forma a companhia se relaciona com a comunidade.
A companhia também criou um comitê formado por nove profissionais de diferentes áreas para avaliar, a cada dois meses, as solicitações de apoio e patrocínio recebidos.
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– Temos clareza dos objetivos e uma base para dizer sim ou não e direcionar os recursos – diz a analista de responsabilidade social Débora Elisa Brietzig.
O projeto educacional da escola de canoagem, que beneficia crianças e jovens de dez a 15 anos, recebe o apoio da Tupy. A maior fundição da América Latina segue uma política interna de investimento social e este projeto enquadra-se nos requisitos delimitados pela companhia.
Cada decisão apoia-se na política. O documento prevê quatro focos de atuação: educação complementar e profissionalizante, esporte voltado ao desenvolvimento das crianças, meio ambiente (estímulo à reciclagem, recursos hídricos e conservação de manguezais) e cultura (neste caso, são selecionados somente projetos beneficiados por leis de incentivo fiscal).
Para definir o foco de atuação, a companhia fez um levantamento de indicadores na comunidade, alinhando-o com sua estratégia e com a sua missão.
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De acordo com Débora, o comitê avalia se as demandas estão alinhadas ao foco da empresa, se têm relevância social, potencial de continuidade, se é possível somar forças com mais parceiros, medir a evolução e se há a possibilidade de atuação voluntária dos funcionários.
A fundição dá preferência aos bairros próximos à empresa. Em 2013, a média de recursos próprios investidos em ação social foi de quase R$ 1 milhão.
Entre 2001 e 2012, a siderúrgica ArcelorMittal Vega destinou R$ 15,6 milhões para projetos sociais voltados às áreas de educação, saúde, desenvolvimento comunitário, cultura e meio ambiente em São Francisco do Sul.
As iniciativas vão desde a distribuição de donativos e doação de sangue à revitalização de jardins de escolas. Além de ações próprias, a empresa incentiva globalmente a prática do voluntariado.
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– Incentivamos o envolvimento dos empregados em ações sociais para somar forças e dar a oportunidade de participarem das transformações na comunidade. Percebemos que muitas pessoas têm interesse em praticar o voluntariado, mas nem sempre sabem como podem ajudar ou não conseguem conciliar o tempo disponível – afirma a analista de responsabilidade social Tuise Moura.
Para promover as ações em São Francisco do Sul, a ArcelorMittal Vega segue as diretrizes e os critérios globais definidos pela Fundação ArcelorMittal, que se referem à abrangência, área de atuação e acompanhamento do projeto por parte da empresa.
As ações também estão alinhadas com a Agenda 21 – São Francisco do Sul do Futuro, que na época de sua elaboração contou com o patrocínio da empresa.
O documento aponta que a qualidade de vida dos moradores e o desenvolvimento sustentável da cidade passam por investimentos na educação, saúde e desenvolvimento comunitário, áreas que a companhia foca em seus projetos e programas.
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– O investimento em ação social deve ser feito com responsabilidade, para que não seja confundido com assistencialismo. Ao promover projetos, é preciso analisar as reais necessidades da comunidade, definir critérios de atuação e só colocar em prática quando a empresa puder medir os resultados efetivos por meio de indicadores – diz Tuise.
Na fabricante mundial de compressores Embraco, os projetos seguem a política de investimento social da companhia. O documento prioriza as áreas de educação e meio ambiente e tem como públicos-alvo crianças e adolescentes.
Uma das principais iniciativas é a ação voluntária na comunidade. O Programa de Voluntariado Embraco é uma prática permanente, na qual funcionários atuam reunidos em grupos. O programa tem a adesão de 250 trabalhadores.
Uma vez por ano, a empresa realiza um grande mutirão chamado Prove um Dia Diferente. Em 2013, o evento reuniu 150 funcionários para reformar duas escolas em comunidades de baixa renda.
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Após a definição dos estabelecimentos, os funcionários se reúnem com entidades locais e desenvolvem um projeto conjunto, que pode envolver reformas e construções, explica o diretor de operações da Embraco no Brasil, Emerson Zappone.
– Os programas sociais contribuem para o desenvolvimento dos trabalhadores, tanto do ponto de vista profissional quanto como cidadão. Criamos um ambiente de trabalho melhor, mais eficiente e produtivo. Melhoramos e transformamos lá fora para fazer o mesmo aqui dentro. Um objetivo secundário, uma consequência natural, é reforçar a nossa reputação – afirma Zappone.
Especialista recomenda foco e explica como planejar o investimento social