Cerca de 300 crianças e jovens de dez a 15 anos aprenderam a arte de navegar na Escolinha Canoagem Joinville, no ano passado. O projeto começou em julho, com aulas durante as tardes de segunda a quinta, nos bairros Espinheiros, Cubatão e Jardim Sofia.
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Mais do que saúde e diversão, o programa busca reduzir a evasão escolar e melhorar o desempenho dos alunos nas aulas, reforçando aspectos como disciplina, organização e responsabilidade.
Projetos sociais como este, sem fins lucrativos e que promovem o bem na comunidade, só podem sobreviver com suporte financeiro. E a iniciativa privada é chamada frequentemente a participar. As demandas são muitas. Saber quando, como e onde investir tornou-se um desafio para as organizações.
– A causa social é infinita – diz a coordenadora de consultoria em desenvolvimento organizacional do Sistema Fiesc/Sesi-SC, Silvia do Valle Pereira.
O número de pedidos pode superar a capacidade de atendimento, afirma a consultora. Muitas vezes, os empresários receiam jogar dinheiro fora e outros duvidam que a ajuda vai realmente mudar alguma coisa. Para contribuir efetivamente com a sociedade, a consultora recomenda que a empresa estabeleça um foco de atuação.
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– Sem foco não há coerência. A empresa pode acabar atendendo apenas quando o resultado financeiro é positivo, com base na afinidade de determinada liderança com a causa ou porque o requisitante é seu conhecido – explica Silvia.
Para começar
Um trabalho consistente é fruto de um processo bem estruturado internamente na empresa. Para saber quando começar, a consultora explica que a alta liderança deve avaliar se a companhia está madura para olhar para fora.
Diagnóstico
Tomada a decisão, é preciso verificar o que já foi ou vem sendo feito no campo social.
Pesquisas
Realizar consultas com os funcionários e comunidade. Uma avaliação de relevância também ajuda na seleção dos projetos na comunidade.
Alinhamento
As iniciativas devem estar associadas ao negócio, aos valores e à missão da empresa.
Abrangência
Não há uma regra para definir a abrangência. Normalmente, o envolvimento restringe-se à comunidade próxima da empresa ou à cadeia produtiva
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Medição
Após escolher o público-alvo, foco e os critérios, a empresa precisa definir indicadores para medir os resultados.
Equipe
É preciso haver profissionais dedicados para conduzir o processo.
Panorama nacional
Um levantamento do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) entre o final da década de 1990 e 2004 (último realizado sobre o tema) mostrava que 57% das 871 mil empresas entrevistadas consideravam a ação social estratégica, mas somente 6% declararam ter orçamento ou documento a respeito.
A boa notícia é que, mesmo em caráter informal, a adesão cresce. No período, a participação empresarial na área social aumentou dez pontos percentuais, chegando a 69% em 2004. O investimento representou o equivalente a 0,27% do PIB brasileiro naquele ano.
Com a sensibilização cada vez maior para o tema da sustentabilidade, a expectativa é de que a participação continue a subir.
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Santa Catarina em destaque
A segunda edição da pesquisa de ação social nas empresas, realizada pelo Ipea, em 2006, coloca as empresas catarinenses em destaque. Entre as entrevistadas no Estado, 78% participavam de projetos com foco social. Santa Catarina ficou em segundo lugar no ranking nacional, atrás de Minas Gerais.
O levantamento mostrou que, no Brasil, o atendimento à criança era o foco principal das empresas (63%), mas cresciam, de maneira expressiva, as ações em prol de idosos e portadores de doenças graves.
Sobre os fatores que dificultam ou impedem o desenvolvimento de ações sociais comunitárias, 62% das empresas alegaram como principal razão a falta de dinheiro.
A ausência de incentivos governamentais é citada por 11% das 781 mil empresas entrevistadas.
Com percentuais menos expressivos estão as organizações que não participam porque nunca pensaram na possibilidade (5%) ou porque acreditam que este não seja seu papel (5%).
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De acordo com o Ipea, há uma compreensão de que a atuação privada não deve substituir o poder público, tendo um caráter complementar às ações desenvolvidas pelos governos.