Um documento emitido pelo Corpo de Bombeiros, que enumera 45 falhas no plano de prevenção contra incêndio, serviu como base para que o Ministério Público solicitasse a interdição do Terminal Rita Maria – principal ponto de chegada e partida de viagens interurbanas no Estado. Para o promotor Daniel Paladino, autor do pedido, a vistoria mostra com clareza que as cerca de 10 mil pessoas que transitam todos os dias pelo local estão a perigo. O caso será analisado pela Justiça e ainda deve demorar uma semana até a decisão.
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O problema vem desde o ano passado, quando no mês de junho o Corpo de Bombeiros lançou o primeiro relatório sobre a segurança na rodoviária de Florianópolis. O projeto preventivo contra incêndio é de 2002, de lá para cá foram feitas mudanças no prédio, mas um novo plano nunca foi apresentado. Daí as irregularidades, a maioria dos itens está em desacordo com o projeto original – além de a fiação estar exposta, haver extintor em quantidade insuficiente e sequer o alarme contra incêndio estar funcionando. O Ministério Público, então, ingressou com uma ação civil contra o Departamento Estadual de Transportes e Terminais (Deter).
Em janeiro, a Justiça determinou prazo de 180 dias para que o departamento regularizasse a situação. No dia 14 de maio, representantes do Deter tentaram prorrogar a data final, pediram mais 120 dias – o que não foi aceito pela Justiça. No dia 31 de julho, o relatório dos Bombeiros foi ratificado e, como sequer a licitação do plano contra incêndio havia sido lançada, Paladino protocolou o pedido de interdição do prédio.
Gerente do Rita Maria descarta interdição e diz que plano será lançado na próxima semana
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Segundo o gerente de administração do terminal, Marcel Amin Vieira da Costa, o projeto de readequação do prédio está pronto e a licitação deverá ser publicada na próxima semana. Com o lançamento do edital, a escolha da empresa vencedora deve sair em 10 dias e as obras têm prazo entre 40 e 50 dias até a conclusão. Como já estaria encaminhado, ele não acredita que a Justiça decida por interdição.
– Nós não trabalhamos com a hipótese de interdição, tanto que nem sabemos dizer como seria o remanejo de ônibus e passageiros – afirma.
Em andamento, as obras de impermeabilização do telhado e recuperação das estruturas da cobertura e do subsolo, lançadas no início do ano, não tem relação com as cobranças do Ministério Público – que se detém exclusivamente ao plano contra incêndio.
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Relatório emitido pelo Corpo de Bombeiros mostra que a última vistoria, no dia 15 de junho do ano passado, já apontava para as irregularidades no plano contra incêndio. Segundo a corporação, na época um documento listando as irregularidades foi encaminhado para os responsáveis do terminal rodoviário – que deveriam ter executado as adequações e solicitado nova vistoria, o que nunca foi feito. Os Bombeiros apontam 45 irregularidades quanto às normas de segurança contra incêndio:
Os itens irregulares
Extintores
No bloco anexo, onde fica a sede da Polícia Militar, falta instalar dois extintores de incêndio. No mezanino o extintor não foi fixado na parede e nem sinalizado o local do equipamento. Os extintores do Espaço Cultural e da central de gás não estão com a manutenção em dia. No pavimento térreo também faltam extintores e a sinalização adequada.
Hidrantes
No bloco anexo, onde fica a sede da Polícia Militar, os hidrantes de parede estão sem as mangueiras e no esguicho não tem a inscrição “incêndio”, como prevê o projeto. No mezanino, o acesso ao hidrante de parede está obstruído porque foi criado um arquivo permanente no local. Algumas salas/lojas não possuem hidrante de parede. O hidrante de parede localizado junto ao sanitário e elevador próximo à sala da telefonista está irregular, assim como dois equipamentos próximos aos guichês. Os equipamentos próximos à lanchonete 1 e ao guarda-volumes estão com sinalização inadequada. Os bombeiros não encontraram os hidrantes de recalque.
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Gás
No bloco anexo, existe fogão com um botijão de gás e não há abertura de ventilação permanente. A canalização de gás no pavimento térreo está diferente do previsto em projeto. A central de gás tem cilindros e quantidades diferentes do projeto e não possui tela quebra-chamas. O fogão da cozinha está com a mangueira vencida. Falta identificação aos abrigos de medidores de gás.
Iluminação de emergência
Não existem luminárias de emergência junto às salas comerciais, nos banheiros do térreo e do mezanino, na escada, no Espaço Cultural, próximo ao setor de administração e em algumas lanchonetes no pavimento térreo. Na escada próximo ao setor de administração algumas luminárias não estão instaladas.
Circulação
No Espaço Cultural, no corredor das salas/lojas e próximo ao setor de administração não estão instaladas a sinalização de abandono de local. No mezanino foram instaladas grades junto à circulação que não estavam previstas. A altura do guarda-corpo no mezanino e as grades de acesso à escada próxima ao guarda-volumes foram consideradas irregulares. Na lanchonete 28 foram instaladas grades que não constam no projeto original. Nas galerias próximas à subestação não há sinalização de saídas de emergência.
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Outros
Na cobertura do terminal, deveria ter sido aterrada a estrutura metálica existente na cordoalha do para-raios. Os elevadores não constam no projeto aprovado pelos Bombeiros. A fiação elétrica está exposta nas salas comerciais. Em diversos restaurantes faltam aberturas de ventilação permanente. Foram feitas modificações das salas 1 à 9 em desacordo com o projeto original. A central de alarme de incêndio está inoperante e a casa de máquinas está desativada.