Quem viveu a infância depois dos anos 1970 dificilmente não teve contato com as histórias de Ruth Rocha. Com a carreira literária iniciada em plena ditadura militar, ela buscou formar leitores de espírito crítico e encantou diferentes gerações com obras como Marcelo Marmelo Martelo, O Reizinho Mandão e Sapo Vira Rei Vira Sapo. A paulistana tem no currículo mais de 150 livros de ficção para crianças, superou a marca de 40 milhões de exemplares vendidos e ainda segue conquistando novos leitores.

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Tão badalada quanto a trajetória de Ruth pelas letras será a celebração dos seus 50 anos de carreira. Nada menos do que três anos de comemorações estão programados, incluindo montagens de teatro, um documentário e uma exposição. Os festejos terão início no próximo dia 29, com o anúncio oficial do projeto 50 Anos Ruth Rocha, no Itaú Cultural. Aos 84 anos, Ruth revela estar com o fôlego intacto para celebrar:

– Como sou muito festeira, estou achando tudo ótimo!

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Ainda em 2015, estão previstas as estreias das adaptações teatrais de O Reizinho Mandão e Dois Idiotas Sentados Cada qual no seu Barril. Já no próximo ano será a vez da primeira narrativa de Ruth, Romeu e Julieta, ganhar os palcos.

Outra novidade prevista para 2016 será a estreia do documentário Ruth Rocha, com direção de Evaldo Mocarzel e depoimentos de Mauricio de Sousa, Maria Adelaide Amaral e Dib Carneiro Neto, entre outros. Para encerrar as homenagens, uma exposição sobre a autora deverá ser montada em 2017, ainda sem local definido.

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O marco oficial para a comemoração é o ano de 1967, quando Ruth começou a publicar artigos sobre educação para a imprensa. Foi assim que chamou a atenção da revista Recreio, fenômeno editorial infantil que, na época, contava com tiragens semanais de 250 mil exemplares. Ela então foi convidada pelo veículo a exercer o posto de orientadora pedagógica e, mais tarde, passou a publicar ali suas primeiras histórias. Não demorou para que a autora conquistasse o gosto dos leitores. Formada em Sociologia, Ruth conta que ficou surpresa:

– Não tinha a menor ideia de que me tornaria escritora.

Mesmo com o clima pouco propício dos anos de chumbo, Ruth criou personagens e histórias que poderiam ser interpretadas como metáforas da situação política da época. Para ela, o exercício de gerar cidadãos questionadores é até hoje um dos grandes motivadores para sua dedicação à literatura:

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– Todo livro bom colabora para a formação de consciência crítica, seja em relação ao poder ou a outros assuntos. Um belo livro educa pela arte, pela sensibilidade, pela boa linguagem. Gostaria que todo meu trabalho fosse assim.