Homens armados exibindo bandeiras russas impediram a entrada nesta sexta-feira na Crimeia de observadores da OSCE, no momento em que Moscou abriu a possibilidade de aceitar a adesão desta região autônoma ucraniana e a companhia russa Gazprom ameaçou deixar de exportar gás para a Ucrânia.
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A Rússia criticou a OSCE, afirmando que seus observadores não receberam um “convite oficial” das autoridades pró-russas da península.
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Os observadores da Organização para a Segurança e a Cooperação na Europa tentaram entrar na Crimeia “contornado o princípio fundamental do consenso, sem levar em conta as recomendações e advertências da Rússia”, afirmou o ministério russo das Relações Exteriores em um comunicado.
E, apesar de Moscou estar submetido a sanções econômicas e diplomáticas dos Estados Unidos e da União Europeia, o grupo público russo Gazprom ameaçou nesta sexta-feira a Ucrânia de interromper suas exportações de gás por falta de pagamento, como aconteceu em 2009, quando os cortes afetaram o fornecimento de vários países europeus.
O atraso nos pagamentos da Ucrânia chegam a US$ 1,89 bilhão.
Pelo segundo dia consecutivo, os 47 militares desarmados de 25 dos 27 países membros da OSCE, foram barrados no vilarejo de Chongar, uma das passagens de acesso à península ucraniana.
O grupo havia chegado em dois ônibus escoltados por um carro da polícia ucraniana e seguido por vários automóveis com bandeiras ucranianas.
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Um dos observadores, que pediu anonimato, afirmou que tentaria negociar com os homens armados.
– Tentamos apenas entrar na Crimeia, como convidados do governo ucraniano e sob mandato da OSCE – disse.
Pouco depois, os observadores precisaram retornar.
Na quinta-feira, os observadores foram forçados a dar meia volta quando tentavam entrar na Crimeia por um outro caminho. Na ocasião, o presidente americano Barack Obama pediu a Moscou para facilitar a entrada desses observadores.
O objetivo da OSCE era monitorar a situação e tentar amenizar a tensão na Crimeia, onde as forças russas cercam as bases militares ucranianas e onde o Parlamento local, pró-Moscou, decidiu se separar de Kiev e organizar em 16 de março um referendo para decidir a anexação da região à Rússia.