Afastado da presidência da Assembleia Legislativa por decisão judicial há 77 dias, o deputado estadual Romildo Titon (PMDB) frustrou as expectativas dos colegas que esperavam por sua renúncia ou qualquer outro gesto político na tarde de terça-feira.

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Sorridente e descontraído com os demais parlamentares, o peemedebista chegou ao plenário por volta das 16h e mudou o tom ao ser abordado pela imprensa.

– A palavra renúncia nunca esteve no meu vocabulário. Esqueceram de combinar comigo – disse aos jornalistas, em uma rápida e rara declaração neste período de afastamento determinado pelo desembargador José Trindade dos Santos, resultado do inquérito do Ministério Público Estadual que o denunciou como suposto integrante de uma quadrilha especializada em fraudar licitações.

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A expectativa de renúncia – ou, pelo menos, de um pedido de licença do mandato por 60 dias – cresceu ao longo da manhã após as informações de que Titon se reunira com o vice-governador Eduardo Pinho Moreira (PMDB) na véspera e de que conversava com o presidente em exercício da Assembleia, Joares Ponticelli (PP) – atrasando os tradicionais almoços de bancada do PMDB e do PP.

Antes mesmo de Titon chegar à Assembleia, Pinho Moreira e Ponticelli confirmavam a peemedebistas e pepistas, respectivamente, que não haveria renúncia.

Em uma breve entrevista, Titon deixou aberta a possibilidade de pedir licença do mandato – uma das alternativas sugeridas pelos colegas. Deixou claro que pretende voltar ao comando do Legislativo até 26 de agosto, quando se encerra o prazo de 180 dias de afastamento determinado por Trindade dos Santos.

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Sobre a conversa da véspera, Pinho Moreira afirmou que Titon apenas queria se aconselhar.

– Ele vive um grande conflito interno. A decisão é dele. O PMDB confia nele. Acreditamos que no final ele será inocentado – afirmou.

Ponticelli também garantiu que a renúncia do parlamentar à presidência não fez parte das conversas que trataram e que isso “compete exclusivamente a ele”. Um gesto do pepista chamou atenção: ele anunciou que está despachando na sala da presidência da Assembleia e não mais em seu gabinete, como tinha decidido fazer quando Titon foi afastado.

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Integrantes da bancada peemedebista confirmaram, sem se identificar, que havia uma expectativa de que Romildo Titon anunciasse ontem uma decisão sobre seu futuro político. Alegaram, no entanto, que não foi falado em renúncia, mas em “uma posição sobre o assunto”.

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– Titon está cada vez mais isolado, enquanto cada vez mais o prejuízo passa a ser de todos os parlamentares – lamentou um colega de bancada.

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A deputada estadual Angela Albino (PCdoB), que já antecipou a intenção de levar o caso para a Comissão de Ética da Assembleia, afirmou que os peemedebistas haviam sinalizado com alguma decisão.

– Estão todos desconfortáveis, mas ninguém banca – reclamou a parlamentar, que pediu uma cópia do texto da decisão do Órgão Especial do Tribunal de Justiça que manteve o afastamento de Titon para subsidiar o processo na Comissão de Ética.

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A decisão dos desembargadores foi tomada na sessão de 16 de abril, mas o texto com os votos dos magistrados ainda não foi concluído pelo relator José Trindade dos Santos. A defesa de Titon também aguarda a publicação para poder recorrer ao Superior Tribunal de Justiça.