A empresas Rodovel e Verde Vale, integrantes do Consórcio Siga, em Blumenau, elaboraram um comunicado (confira na íntegra no final da reportagem) que fala, principalmente, sobre como funciona a participação e a distribuição das receitas das empresas consorciadas. O documento, distribuído nos terminais da cidade, ainda chama atenção para o que seria a verdade sobre o funcionamento da chamada Câmara de Compensação e relata que o atual sócio-diretor da Glória, José Eustáquio Ribeiro de Urzedo, receberia pelo menos R$ 850 mil por mês através do esquema de compensação.

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O comunicado de duas páginas explica que a compensação das receitas entre as empresas Glória, Rodovel e Verde Vale existe desde 1997, quando elas operavam de forma independente no transporte público coletivo do município. Com a criação do Consórcio, em 2007, o esquema passou a considerar também os valores de mão de obra, insumos _ como combustível _, quilometragem e frota.

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Entretanto, ainda de acordo com o comunicado, em 2010 o esquema de compensação mudou e os valores de receita deixaram de ser divididos igualmente entre as empresas. A partir dali, cada integrante do Consórcio teria direito aos valores proporcionais à sua participação no Siga. Ou seja, a Glória teria direito a 66%, a Rodovel a 21,5% e a Verde Vale, 12,5%.

Sem citar nomes, as empresas Rodovel e Verde Vale afirmam no comunicado que “o congelamento da compensação foi realizado de maneira impositiva pelo presidente do Consórcio, que, à época também era sócio-diretor da empresa líder, maior beneficiada com esta ação”.

O documento ainda menciona que a Glória teria recebido cerca de 2 mil notificações do Seterb por não cumprir as viagens programadas do mês de julho deste ano. Um total, segundo as empresas, de 26 mil quilômetros não percorridos. Mesmo com o déficit de itinerários, conforme a Rodovel e a Verde Vale, a Glória se beneficia da Câmara de Compensação e recebe todas as receitas que são destinadas a ela. “A empresa Nossa Senhora da Glória segue recebendo 66% das receitas, mesmo sem ter realizado suas viagens programadas, subsidiando-se do capital oriundo das empresas Rodovel e Verde Vale”, informa o comunicado.

Por fim, as empresas relatam que também passam por dificuldades financeiras “provenientes de uma tarifa defasada e de um sistema de transporte extremamente onerado” e que repudiam a tentativa do poder público de responsabilizar o Consórcio Siga pelas dificuldades da Glória.

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O sócio-diretor da Rodovel e presidente do Consórcio Siga*, Valdeci Roza, afirma que o comunicado foi feito para esclarecer questões sobre a Câmara de Compensação que, segundo ele, existe e faz a distribuição do valor arrecadado pelo sistema entre as três empresas:

– A questão não é como o Eustáquio (José Eustáquio Ribeiro de Urzedo, sócio da Glória) está dizendo, que a Rodovel e a Verde Vale receberiam receita a mais. Já existe a Câmara e ela compensa o serviço das três. Está desequilibrada, mas isso é uma questão de cálculo da tarifa, de custos, mas da forma que está tem distribuição proporcional para todas.

Roza acredita que a intervenção será benéfica para todo o sistema e afirma que as empresas não pretendem buscar nenhuma medida contra o trabalho da comissão interventora.

_ Quero acreditar que vai ajudar, porque essa situação tem que mudar. O que eu gostaria mesmo é que o sistema estivesse operando 100% para que o usuário não precisasse sofrer com esse tipo de dificuldade.

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Para o diretor-presidente do Seterb, Carlos Lange, o comunicado distribuído pelas duas empresas não apresenta informações novas, mas demonstra que as três consorciadas não atuavam juntas e sim de forma independente, cada uma em busca dos seus interesses.

– Eles estão apenas pontuando a posição deles em relação ao que foi divulgado pela administração que foi afastada da Glória, mas é mais uma amostra daquilo que já se via, que as empresas não atuavam como consórcio no sentido de terem interesses comuns e evidencia uma disputa para ver quem tem razão, onde cada um defende o seu nicho _ afirmou, ressaltando que a atuação dos interventores na Glória e no Siga deve mostrar quem tem razão.

Sobre a paralisação dos trabalhadores da Glória, Lange diz que uma nova rodada de negociação deve ocorrer na tarde desta terça-feira, após a reunião entre representantes do Sindicato dos Empregados das Empresas Permissionárias do Transporte Coletivo Urbano de Blumenau e Gaspar (Sindetranscol) e das empresas sobre a data-base da categoria.

Confira o comunicado distribuído pela Rodovel e pela Verde Vale:

*Valdeci Roza é o presidente do Consórcio Siga, mas atualmente quem responde pela administração é o interventor Sérgio Chisté.

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