Roberto Menescal viu a bossa nova nascer, quando músicos da classe média carioca experimentavam improvisos de jazz e samba nas famosas reuniões no apartamento de Nara Leão (1942/ 1989), em Copacabana. Quase 60 anos depois, o gênero continua vivo e renovado. A cantora Maria Luiza, de apenas 20 anos, espelha uma nova geração que bebe da tradição minimalista da bossa e suas harmonias rebuscadas, mas está atenta ao pop contemporâneo. Ela e Menescal, juntos, com a participação de Luiz Meira, apresentam um pouco dessa nova bossa nova em show nesta sexta no Teatro Ademir Rosa (CIC), em Florianópolis.

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Menescal, 79 anos, conheceu Maria Luiza em 2012, quando ele e o ex-The Police Andy Summers se apresentaram em Florianópolis. A cantora, então com 16 anos de idade, abriu o espetáculo.

— Ainda no camarim, quando a ouvi cantar na passagem de som, chamei o Andy para uma escapadinha. Comentamos na hora: ¿ih, acho que vai ficar difícil para nós, hein?¿ — lembra o músico.

Daí nasceu a parceria musical. No mesmo ano, Menescal convidou a jovem para gravar a música Assim como um amor. Agora, ele assina a produção do segundo disco dela, Jazz in Bossa, Bossa in Jazz. São 12 arranjos inéditos do compositor para clássicos dos dois estilos. Maria Luiza canta standards de jazz ao estilo de bossa nova e canções de bossa ao estilo de jazz. O álbum foi lançado no começo deste ano e a turnê começou em julho.

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— Ela é uma cantora que sempre gostou desses dois estilos, então por que não mostrar a relação natural entre ambos? E agora iremos voltar para Florianópolis, onde tudo começou — comemora Menescal.

Bossa nova e voz de Madonna

Maria Luiza morou por 13 anos em Florianópolis e há dois vive no Rio de Janeiro. Foi para lá para trabalhar em sua carreira como cantora e acabou se descobrindo atriz. Interpretou a personagem Mari na 22º temporada da telenovela Malhação, da Rede Globo, entre 2014 e 2015.

— O Rio tem pessoas de muitos lugares diferentes e também todos os estilos musicais. O que mais cresci morando aqui foi na forma de me expor. Me soltei mais, ganhei experiência, tomei coragem — diz a cantora.

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Em 2015 ela lançou o primeiro disco, Pequena. Agora, despede-se da menina para começar uma fase mais madura, pessoalmente e musicalmente:

—Logo que terminou a novela eu queria me desapegar da personagem, me assumir mais madura. Já tinha lançado Pequena, que é um trabalho cheio de referências. Marquei com o Menescal para pedir ajuda sobre qual caminho seguir. E ele lembrou que já tinha a ideia de fazer um trabalho de jazz e bossa nova. Ele me deixou escolher a maior parte das músicas. Gravamos em dois meses — conta.

Para Menescal, bossa nova é um gênero que tem um caminho paralelo, assim como o jazz, e nunca vai morrer. 

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— Nunca será popularesco, mas está sempre aí. O jazz completou 100 anos e a bossa vai para os 60. É muito válido renovar o gênero, mas desde que se respeite a base, a harmonia. Bossa é bossa. E nesse disco Maria Luiza mostra tudo que ela pode ser. Ela canta bossa com novo sabor, tem um pouco de Madonna na voz. É um frescor — conclui.

 Agende-se
 O quê: Jazz in Bossa, Bossa in Jazz, com Maria Luiza e Roberto Menescal
Quando: sexta, às 21h
Onde: Teatro Ademir Rosa, no CIC (Av. Irineu Bornhausen, 5.600, Agronômica, Florianópolis)
Quanto: plateia superior, 1º lote – R$ 70 / R$ 35 (meia). Plateia inferior, 1º lote – R$ 90 / R$ 45 (meia). Sócios do Clube do Assinante têm 40% de desconto. À venda na bilheteria dos teatros do CIC, TAC e Pedro Ivo e via Blueticket.
Informações: (48) 3664-2555

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