Após mais de 30 horas de júri popular, foi anunciada na tarde desta quarta-feira a sentença dos réus envolvidos no caso da decapitação de Israel Mello Júnior, morto em fevereiro de 2016. A cabeça do jovem foi encontrada em uma mochila no bairro Jardim Paraíso, na zona Norte de Joinville. Sete homens foram denunciados pelo crime, mas dois deles não foram julgados no processo que iniciou na manhã de segunda-feira.
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De acordo com a sentença lida pelo juiz Walter Santin Junior, os réus foram condenados por todos os sete crimes que constavam na denúncia do Ministério Público: sequestro e cárcere privado contra duas pessoas, que foram usadas como isca para atrair Israel; homicídio triplamente qualificado, por motivo torpe; tortura e dissimulação; destruição de cadáver; ocultação de cadáver; vilipêndio a cadáver; e associação criminosa armada.
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A maior pena foi de Henrique Alexandre Guimarães, condenado a 32 anos e um mês de reclusão. Luciano da Silva Costa foi condenado a 28 anos e sete meses, Jonathan Luis Carneiro a 28 anos e cinco meses, Leonardo Felipe Bastos a 26 anos e seis meses e Thomaz Anderson Rodrigues a 22 anos e três meses. As penas variam de acordo com os agravantes que cada réu possui, como antecedentes criminais, que aumentam o tempo de condenação.
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A acusação foi conduzida pelo promotor Guilherme Luis Lutz Morelli. Os condenados devem cumprir suas penas em regime fechado. Após a leitura da sentença no Fórum da Comarca de Joinville, os defensores e advogados manifestaram interesse em recorrer da decisão. O defensor público Vinicius Manuel Ignácio Garcia, que fez a defesa de Henrique e Jonathan, explicou à reportagem do AN que o recurso será solicitado pela falta de unanimidade em alguns momentos do júri popular e que deverá pedir a redução da pena dos dois réus.
Para Antonio Luiz Lavarda, que faz a defesa de Leonardo, a sentença foi “bem dosada” e “bem fundamentada”. Mesmo assim, o advogado considera que as provas apresentadas são “duvidosas” e “insuficientes” para comprovar a autoria do homicídio. Lavarda afirmou que solicitará que Leonardo, por se tratar de um réu primário, aguarde o recurso em liberdade.
O júri popular foi realizado com as portas fechadas. A decisão foi tomada para manter a segurança dos envolvidos. O juiz Walter Santin Junior afirmou que o júri popular, formado por sete pessoas, foi “atento”, “qualificado” e “quase técnico”.
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– A sociedade lá fora, apesar das portas fechadas, aguardava ansiosamente pelo resultado desse júri, pela resposta. E não me refiro aqui à resposta punitiva. Porque o resultado poderia ser de condenação ou de absolvição. A resposta que me refiro aqui, que a sociedade de Joinville esperava e merece, é a de um resultado. E essa resposta veio – avaliou o juiz.
De acordo com Santin, o processo envolveu um “volume de informações exagerado”. Ele elogiou o trabalho dos profissionais envolvidos, como o promotor e os defensores, e parabenizou o trabalho das polícias militar e civil pela “pronta resposta ao crime”.
– É uma pena que os demais crimes que acontecem em Joinville e, infelizmente, no resto do País, não tenham uma apuração como este crime teve, com engajamento, estrutura, comprometimento e zelo dos envolvidos nas investigações – afirmou.
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Vídeo gravado pelos criminosos circulou nas redes sociais
O jovem Israel de Mello Junior, de 16 anos, foi atraído para uma emboscada durante o sequestro de outras duas pessoas. Ele foi mantido em uma casa no bairro Ulysses Guimarães, onde foi torturado. Após a morte de Israel, sua cabeça foi cortada com golpes de machado e deixada em uma mochila no bairro Jardim Paraíso. A sacola foi localizada por moradores no dia 2 de fevereiro do ano passado. Um vídeo, gravado pelos criminosos, circulou nas redes sociais mostrando o crime.
O jovem foi apresentado ao mundo das drogas durante a adolescência, segundo informações reveladas por testemunhas ao AN na época do crime. Os depoimentos revelaram a ausência de perspectiva do adolescente, que se envolveu com o mundo do crime em menos de dois anos até a morte com requintes de crueldade, em 2016.