Uma nova reunião na manhã desta quarta-feira pode, enfim, definir a data da exumação do corpo do ex-presidente João Goulart, o Jango, morto em dezembro de 1976, na Argentina.

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A partir das 9h30min, peritos brasileiros e estrangeiros discutem em Brasília detalhes dos exames que tentarão esclarecer se o gaúcho morreu de causas naturais, por problemas cardíacos, ou se foi envenenado no exílio.

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O encontro, na Secretaria de Direitos Humanos da Presidência (SDH), reúne pela segunda vez o corpo técnico envolvido na exumação. Em setembro, o grupo acordou a necessidade de novos estudos para definir a logística do transporte dos restos mortais de Jango do cemitério de São Borja até Brasília, além dos exames de DNA e toxicológicos que serão realizados.

Como se passaram quase 37 anos da morte, não há certeza se os testes serão conclusivos. Nas últimas semanas, peritos colheram depoimentos de pessoas próximas ao ex-presidente, como a viúva Maria Thereza, e estudaram protocolos para as análises. Também esboçaram a relação de substâncias que serão procuradas nos restos mortais de Jango.

As informações serão apresentadas nesta quarta-feira para os técnicos e para a família de Jango. Se os participantes chegarem a um acordo, a data da exumação poderá ser anunciada.

– Esperamos deixar a reunião com uma ideia de data. Ainda trabalhamos com a possibilidade de exumar em novembro – afirmou Christopher Goulart, neto de Jango e advogado do Instituto João Goulart.

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Responsável pela parte técnica do procedimento, a Polícia Federal envia cinco peritos à reunião. A equipe, coordenada pelo perito Amaury de Souza Junior, conta com especialistas em medicina, toxicologia, genética forense e odontologia. Também são aguardados técnicos do Comitê Internacional da Cruz Vermelha, Uruguai e Argentina, além do cubano Jorge Pérez, reitor da Universidade de Ciências Médicas de Havana, que participou das exumações de Che Guevara e Simon Bolívar.

O passo a passo da análise dos restos mortais de Jango é discutido desde maio, quando a Comissão Nacional da Verdade (CNV) acatou o pedido da família Goulart para realizar a exumação e reabrir o caso.

Deposto pelo golpe militar de 1964, o gaúcho morreu em sua fazenda na cidade argentina de Mercedes. O corpo não passou por autópsia e o atestado de óbito aponta apenas enfermedad (doença) como causa da morte. Contudo, relatórios de órgãos de inteligência comprovaram que o ex-presidente era monitorado por agentes da repressão durante o exílio, o que deu força para a versão de que Jango teria sido envenenado.