2015 ficou marcado em Porto Alegre por shows de guitarristas como David Gilmour e Jack White. E o cenário local apresentou discos de promessas que se confirmaram. Veja alguns destaques do ano na música

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Cinema

Artes Visuais

Literatura

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Artes Cênicas

10 DISCOS

É

de Duda Brack

Aos 21 anos, a porto-alegrense radicada no Rio é uma promessa realizada da nova música popular brasileira. Sem se preocupar com rótulos, Duda mistura rock, MPB, jazz, guitarras, batuques, distorções e eletronices. Tudo para gerar desconforto e exigir a atenção do ouvinte. É impossível botar o disco para rodar e ir fazer outra coisa. É, título do álbum, foi feito para ser ouvido e nada mais.

Maravilhas da Vida Moderna

da Dingo Bells

Em seu disco de estreia, a porto-alegrense Dingo Bells produziu um mosaico do brasileiro de classe média com idade entre 25 e 35 anos em 2015. Com pegada pop, bem produzido e bem executado, Maravilhas… é o primeiro passo de uma banda que ainda vai dar muito o que falar.

Sobre Crianças, Quadris, Pesadelos e Lições de Casa

de Emicida

Em seu novo trabalho, Emicida provou por que é um dos principais nomes não só do rap, mas da música brasileira. Inspirado por uma viagem à África, costurou samples que misturam elementos diversos para montar um panorama do Brasil de ontem e de hoje – que, apesar de duro, se mostra otimista.

Manual

dos Boogarins

No início dos anos 2010, os australianos do Tame Impala trouxeram a psicodelia de volta à pauta musical. Na sequência, uma série de bandas passou a beber da mesma fonte lisérgica, e os goianos do Boogarins estão entre os mais bem-sucedidos. Seu segundo disco tem muito do Pink Floyd de Syd Barrett, mas sem perder o acento regional – coisa de quem ouviu muito Mutantes e Novos Baianos.

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To Pimp a Butterfly

de Kendrick Lamar

Um disco que em 2015 abre com um sample do soul setentista Every Nigger Is a Star, de Boris Gardiner, não pode ser desprezado. Mas mais do que atenção, Lamar ganhou status de grande estrela do hip-hop nesta década, com um disco de afiado discurso social e instrumental pesado e inventivo.

Estratosférica

de Gal Costa

Sucessor de Recanto (2011), o novo trabalho de Gal apresenta mais uma das quebras e viradas que marcam a discografia da cantora. Leve, jovial e até roqueiro, o álbum é composto por músicas da nova geração de compositores – como Marcelo Camelo, Mallu Magalhães, Céu e Criolo – e da velha guarda (entre eles Arnaldo Antunes e Caetano Veloso).

Star Wars

do Wilco

Nono trabalho do Wilco, o disco foi lançado sem aviso prévio, embora seu conteúdo não seja tão surpreendente. Ainda bem: como poucos, o grupo de Jeff Tweedy sabe equilibrar experimentalismo e apelo pop, distorção e melodia, crueza e lirismo. Ao mesmo tempo, recupera uma urgência e uma pegada roqueira que não se ouvia tão plenamente desde Yankee Hotel Foxtrot (2002).

A Mulher do Fim do Mundo

de Elza Soares

Aos 78 anos de idade e mais 60 de carreira, Elza lançou seu primeiro disco de músicas inéditas. E não poderia ser mais bem-sucedida: A Mulher… é um trabalho vigoroso e inventivo, que mistura samba, rock, rap e eletrônica, em arranjos com timbres que incorporam ruídos, distorções e dissonâncias. Presença em todas as listas de melhores do ano.

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Derivacivilização

de Ian Ramil

Nome que deixou de ser promessa para se tornar realidade, Ian Ramil se apresenta menos polido em seu segundo trabalho. Mais barulhento, com influências que vão da garagem a manguebeat e Radiohead, faz uma crônica simples, direta, de uma geração que deixou de imitar ídolos ao falar de álcool, drogas e garotas para, em vez disso, falar dos próprios sentimentos.

Prospecto

do Marmota Jazz

Formada por quatro jovens de 20 e poucos anos, a Marmota Jazz é um recorte digno da excelente cena instrumental de Porto Alegre. Seu álbum de estreia mistura sem pudores os ditames sagrados do jazz com elementos modernos, resultando em um trabalho intrigante, mas de fácil assimilação.

10 FATOS

Shows esgotados

A agenda de shows de 2016 ainda está se desenhando, mas dois espetáculos já são garantia de sucesso. Disputadíssimos, os ingressos para Maroon 5 (9/3, na Fiergs) e Rolling Stones (2/3, no Beira-Rio) se esgotaram rapidamente.

Uma patrola

Adele fez jus à fama de última grande vendedora da indústria fonográfica. Primeiro disco de inéditas em quatro anos, 25 tem vendido cerca de 1 milhão de cópias por semana desde que chegou às lojas, no dia 20 de novembro.

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Força da nostalgia

Duas bandas cujos trabalhos foram oficialmente encerrados, mas que permanecem vivas na memória do público: Los Hermanos e Legião Urbana provaram a força da nostalgia em 2015, arrastando milhares de fãs para shows em Porto Alegre.

Público encolheu

Reflexo da crise que atingiu todo o setor cultural, os shows tiveram visível diminuição de público. Artistas que antes esgotavam ingressos com facilidade tocaram para casas com metade da capacidade ou menos. Não foram poucos os espetáculos que apelaram para promoções do dia “compre um, leve dois” ou tiveram seus bilhetes comercializados em sites de compra coletiva.

Consolidação do streaming

O streaming se consolidou em 2015 como a tábua de salvação da indústria musical. Entre tentativas fracassadas (como o Tidal) e a entrada de novos players (como o YouTube Music e o Apple Music), o serviço mostrou que é um caminho sem volta. Prova maior foi a estreia, no Natal, dos Beatles, um dos catálogos mais valiosos do mundo.

Jack White e David Gilmour

Um dos mais venerados mestres da guitarra e talvez o último grande inventor de riffs do rock estiveram em 2015 em Porto Alegre. Em dezembro, David Gilmour fechou o ano mostrando como aliar técnica e emoção, em um show histórico na Arena do Grêmio. Antes, em março, foi a vez de Jack White incendiar o Pepsi On Stage, desfilando hits de sua carreira solo e de suas bandas.

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O domínio do sertanejo

Em 2015, a música sertaneja se consolidou como a nova música pop brasileira, predominando nas paradas de sucesso. Em junho, a comoção criada pela morte do cantor Cristiano Araújo deu o tamanho da base de seguidores.

Precisa melhorar

Foo Fighters, em janeiro, deixou claro que o estacionamento da Fiergs é um local no mínimo desafiador quando se trata de acesso e sonorização. E Pearl Jam, em novembro, explorou mal o potencial da Arena do Grêmio, com uma pista VIP gigantesca e problemas de visualização e som.

Quanto vale o show?

A meia-entrada para ingressos de shows de música gerou polêmica ao longo de 2015 envolvendo público, produtoras, Procon e Ministério Público.

Vidas intensas

Dezembro foi um mês de perdas para a música internacional e local. Scott Weiland, ex-vocalista do Stone Temple Pilots e Velvet Revolver, foi encontrado morto no dia 3; e Lemmy Kilmister, do Motörhead, morreu no dia 28, vítima de câncer. Aqui no Sul, Jupiter Apple morreu no dia 21.

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