É meio que consenso entre quem vive música em Porto Alegre: chegou a hora de a Dingo Bells explodir. Há algum tempo no cenário underground da cidade, os três guris se acostumaram a colocar a régua num nível muito alto. Com poucas músicas gravadas, sempre fizeram do palco o espaço para mostrar a que vieram – e sempre se destacaram só com isso. Maravilhas da Vida Moderna era o elemento que faltava para levá-los a um degrau superior.

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Dingo Bells compensa a demora para lançar disco com excelente obra pop

Uma coisa há de ser dita: Rodrigo Fischmann é o melhor vocalista gaúcho da atualidade. Funcionário do Mês não precisava de mais nada, só a voz. Mas a banda consegue ainda mais. Há muito groove, muita Motown, muita música negra no sangue dos guris. Ouvi comparações com Tim Maia, com Stevie Wonder, com Paul McCartney e com Beatles – nenhuma delas infundada. Maravilhas da Vida é o melhor disco lançado no Rio Grande do Sul desde Antes que Tu Conte Outra, da Apanhador Só, de 2013.

Na última quarta-feira, a Dingo Bells promoveu uma audição comentada de Maravilhas…. Duas coisas ficaram claras: a primeira é o capricho que os três guris têm com absolutamente tudo, do lugar escolhido (Musgo Design, atelier de Rodrigo Marroni, responsável pelas fotos do disco, e lugar onde eles compuseram pelo menos metade do disco) ao ambiente (no andar de cima, uma exposição com artes do disco, papéis com as letras do disco e a cabeça do dinossauro de madeira da capa criava um clima especialíssimo). A outra é o respeito que eles têm da cena musical gaúcha. Todos os músicos presentes chegaram elogiando a banda e saíram com cara de espanto. Ou seja: a expectativa por Maravilhas da Vida Moderna era muito grande, mas o resultado surpreendeu – positivamente.

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