Um oleiro de Morro da Fumaça, uma artesã de Garuva embrenhada na mata para buscar cipó, o rosto entalhado por rugas de uma caiçara de São Francisco do Sul: todos retratos do país, todos reflexos das experiências de vida dos brasileiros – experiências tão distintas quanto a geografia e a cultura de cada cidade. Captar a essência de vida de pessoas, seus trabalhos, costumes e lugares onde vivem requer a sensibilidade que o catarinense Renan Rosa tem de sobra. Há sete semanas ele começou o Expedição Brasil – projeto em que, com a assistência do também fotógrafo Pedro Malamam, está percorrendo as cinco regiões do país para registrar paisagens e personagens da vida real.
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Ontem eles estava em Paraisópolis, a segunda maior favela de São Paulo. Mas antes da capital paulista já haviam percorrido algumas centenas de quilômetros da região Sul. A excursão saiu de Florianópolis em outubro, e a primeira parada foi o Sul de Santa Catarina, onde Renan registrou a rotina de trabalhadores em mina de carvão em Criciúma e oleiros de Morro da Fumaça.
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Depois da imersão no Rio Grande do Sul e no Paraná, voltaram ao Estado no começo deste mês para desbravar o Norte e o Vale do Itajaí.
– Quando temos a possibilidade de ficar mais tempo surgem as melhores experiências e fotografias. A arte é feita da experiência – diz Renan.
Em São Francisco do Sul, por exemplo, a dupla pôde conviver com dona Tibúrcia, a moradora mais antiga do Balneário de Paulas, e ver de perto a rotina dos caiçaras e de quem viveu do mar durante toda a vida.
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– A maioria dos personagens a gente conhece na estrada. E vê a linearidade da luz. A conexão com as pessoas é muito importante. Tem de ter conversa, às vezes tomar uma cerveja junto, passar o dia com um pescador, viver o que eles vivem – conta o fotógrafo.
A dupla pretende voltar a Santa Catarina antes do fim da expedição – prevista para durar oito meses, mas com possibilidade de extensão para até um ano.
FOTOGRAFIA, ANTROPOLOGIA, ARTE
Acostumado a retratar pessoas e paisagens, Renan Rosa, 35 anos, viajou durante 12 pelo mundo para registrar o que acontece ao redor do planeta. Ele nasceu em Tangará, no Meio-Oeste catarinense, e atua como fotógrafo, designer fotográfico e editor de fotografia. Seu trabalho foi publicado em revistas como National Geographic e exposto na Alemanha, Israel, Grécia e Estados Unidos. Foi um dos vencedores do Concurso Fotográfico Internacional IODPC em 2009.
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A Expedição Brasil, segundo ele, é uma consequência lógica do que já vinha fazendo como retratista pelo mundo.
– É a continuidade evolutiva da minha obra. Gosto de retratos mais próximos das pessoas. Eu choro muito quando faço, quando sinto uma história muito forte no olhar de alguém – conta.
O projeto é realizado pela catarinense Base Cultural Produções Artísticas, por meio da Lei Federal de Incentivo à Cultura, com patrocínio da empresa Spectrum Geo do Brasil Servicos Geofisicos Ltda.
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Pelo site e página no Facebook é possível acompanhar o trabalho e sugerir locais e personagens que entrarão no roteiro dos fotógrafos. As imagens e experiências da expedição serão transformadas em um livro de fotografia bilíngue com curadoria de Araquém Alcântara.