Escrito pelo dramaturgo José Saffioti Filho, o monólogo A Rainha do Rádio é encenado pela primeira vez em Santa Catarina e terá duas sessões de estreia, nesta terça e quarta-feira, às 20h, no Teatro da Ubro, em Florianópolis.

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Com um texto provocador, a peça se passa um uma cidade do interior em plena ditadura militar e traz a história da radialista Adelaide Fontana, que apresentava o programa de poesias Suspiros ao meio-dia, na Rádio Esperança. Demitida após 25 anos de casa, ela invade a emissora à meia-noite e se tranca no estúdio para um programa especial.

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No lugar das poesias sem emoção e que traziam pouca audiência para a rádio – a suposta justificativa para a sua demissão -, no programa da madrugada Adelaide fala como e sobre quem tem vontade, desafiando os poderosos da cidade, contando os podres e apontando a hipocrisia que a cercava.

— É um texto que joga muita merda no ventilador. Tem vários pontos que levantam a questão do feminismo, como a mulher ainda não ter tantos direitos como os homens e estar numa cidade do interior e ter que assumir algumas máscaras. E como se passa na ditadura existe toda a questão da censura dos meios de comunicação — conta a atriz e idealizadora do projeto Mariane Feil, que interpreta Adelaide.

O cenário não traz um estúdio de rádio normal, e sim foi pensado para dar um toque ainda mais dramático ao espetáculo. Durante a peça, a personagem confidencia algumas coisas ao público como se ele próprio fosse algumas pessoas da cidade, e acaba revelando os reais motivos de sua demissão.

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— Ela é uma mulher muito à frente do seu tempo, que durante muitos anos teve uma história de repressão dentro da cidade, de não poder falar o que quer. Ela era conhecida pelo programa, só que ela o faria diferente. Ao mesmo tempo, tem diversos medos dentro dela. É uma personagem muito complexa.

A estreia de A Rainha do Rádio foi em São Paulo em 1976, com atuação de Cleyde Yaconis e direção de Antonio Abujamra. Na época, o teor político do espetáculo foi censurado. Também ganhou uma adaptação para os cinemas em 1981, com a atriz Beyla Genauer como Adelaide e direção de Luiz Fernando Goulart.

Por aqui, a obra tem direção geral do paulista radicado em Florianópolis Gil Guzzo e foi contemplada pelo Edital Elisabete Anderle de 2014 no prêmio de montagem. O figurino é de José Henrique Beirão e o gaúcho Régius Brandão é o convidado para as vozes.

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— É uma ficção, mas o autor cita alguns nomes da política. A gente poderia perfeitamente atualizar, falar de Cunha, por exemplo. Mas a gente decidiu deixar o texto como ele escreveu. É antigo, mas atual. Acho que o público vai ser um grande comparsa nosso, vai sacar e relacionar com o que tá acontecendo hoje em dia — conclui Mariane.

Depois da estreia, o monólogo ainda contará com mais oito apresentações em Florianópolis e circulará pelo Estado (datas e locais estão sendo definidos).

Agende-se

O quê: Monólogo A Rainha do Rádio

Quando:terça e quarta-feira, às 20h

Onde: Teatro da Ubro (Escadaria Pedro Soares, 15, Centro, Florianópolis)

Quanto: R$ 30 (inteira), R$ 15 (meia) e R$ 20 (sócio do Clube do Assinante e acompanhante). Ingressos Antecipados disponíveis na Aktoro – Escola de Formação de Atores (Rua João Pinto, 211, Centro)

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