Foi numa tarde de dezembro, que Maria Antônia Primaz de Paula aguardava por sua primeira entrevista a um jornal. Ela pretendia contar a história de O Filho Adotivo. Mas queríamos mais do que o livro apresentava. Interessava-nos saber sobre aquela mulher cuja lucidez não fora afetada pelo tempo. Ela não se acanhou com os questionamentos e fez aquele encontro render duas encorpadas páginas de histórias.
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Após a conversa, serviu-me torta de bolacha, que ela mesma fizera. Compartilhou o modo de preparo da sobremesa, uma de suas preferidas. Tocou gaita e me animou até que o carro do jornal voltasse para me buscar. Puxou a filha para engrossar o coro e ficamos nós três na sala enquanto o céu armava um temporal.
Naquele dia, a carona demorou. Acho que mais de uma hora, tempo que me possibilitou observar melhor aquela mulher sem vaidades. Ela tinha medo da morte, confidenciara a filha num momento de distração da mãe. Mas seus olhos olhavam sempre fixos para o horizonte. Maria tinha planos para o futuro.