A visão de um bilionário, aconselhado por outro, resultou em um inédito levantamento sobre o trabalho escravo no mundo.
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O primeiro é Andrew Forrest, um dos homens mais ricos da Austrália. O segundo, o conselheiro, é Bill Gates, que dispensa apresentações.
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Forrest, dono de uma fortuna estimada em US$ 4,3 bilhões, criou a Fundação Walk Free (WFF), determinada a erradicar o que chama de “escravidão moderna”. E, conforme informações da Bloomberg, seguiu a dica de Bill – ambos integrantes do Giving Pledge, grupo de empresários que doam boa parte de suas fortunas à filantropia – tratou de medir o problema no mundo para poder agir de forma certeira. Assim surgiu o The Global Slavery Index (Índice Global de Escravidão), cujo primeiro relatório foi divulgado nesta quarta-feira. Segundo a organização, compila e analisa de forma inédita o problema.
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Entre os 20 países com a pior posição, 14 são africanos, embora 75% dos escravos vivam na Ásia. Porém, nem os países mais bem posicionados no ranking, como a Islândia, estão livres da exploração de seres humanos.
A campeã em números absolutos de escravos é a Índia, com pelo menos 13,3 milhões de escravos. A escravidão moderna, segundo a organização, manifesta-se em diferentes ambientes, seja sob a forma de venda e sequestro de pessoas, trabalho forçado e tráfico humano (quando se refere à forma como a pessoa foi levada à exploração severa). A definição de escravidão usada como base para o relatório inclui também práticas como casamentos forçados e exploração infantil.
Quando o problema é mensurado proporcionalmente à população, a Mauritânia, no Oeste da África, e o Haiti, no Caribe, estão no topo da lista. “O Haiti é um caso especial na região” por culpa “de uma história de mau governo, um forte legado de escravidão e de exploração”, explica o relatório que acompanha o índice, que levou um ano e meio para ser elaborado e reúne mais de 20 pesquisas globais sobre o tema e dados internos de cada país.
O australiano Forrest, produtor de minério de ferro, resolveu se engajar na causa depois que sua filha foi voluntária em 2008 em um orfanato no Nepal. Ele já doou US$ 260 milhões para a campanha e outras ações do tipo, segundo a Bloomberg.
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A ideia é que o índice anual ajude os governos a vigiar o problema.
O estudo analisa em capítulos separados alguns países, entre eles o Brasil, que, apesar de figurar na 94ª posição e ter entre 200 mil a 220 mil escravos, apresenta iniciativas governamentais consideradas modelo no combate à chaga.