O reitor da Furb, João Natel, defende a parceria com o poder público para manter o serviço do Ceops em Blumenau e explica que o conhecimento que os profissionais adquiriram com pesquisas ao longo dos últimos 30 anos é imprescindível para os municípios do Vale, mas afirma que faltam melhores condições de trabalho.
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Segundo ele, o custeio já foi repassado à Secretaria de Estado de Desenvolvimento Social, que passou à Defesa Civil, e esta aguarda o Centro de Operações ficar pronto para tomar decisões. Natel diz ainda que houve a tentativa de um convênio com a prefeitura, mas as negociações não avançaram:
– Pela importância do Ceops, o poder público deveria em parte custear isso. As enchentes são habituais e quando um fenômeno tão importante atinge várias esferas, o governo deveria ter uma atenção ao que já está montado aqui. Não é justo a universidade manter todo um sistema e a expertise que está aqui dentro. Quero deixar claro que a Furb não vai acabar com o Ceops, porque além da massa intelectual, a importância dele para a universidade é reconhecida. Nosso pessoal quer condições para trabalhar.
O secretário de Defesa do Cidadão de Blumenau, Marcelo Schrubbe, acredita que a responsabilidade de manutenção do centro não deve ser apenas da Furb, nem de Blumenau, mas de todos os municípios beneficiados pelas informações transmitidas pelas estações telemétricas:
– Blumenau não pode carregar isso sozinho e não é função da universidade custear tudo sozinha. Há apenas uma estação na cidade e toda a região é beneficiada. A Defesa Civil tem responsabilidades e deveres e para isso precisamos dividir a carga.
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Trajetória de altos e baixos
Desde que foi criado, em 1984, o Sistema de Cheias da Bacia do rio Itajaí-Açu foi fundamental para prever o tempo e fazer as projeções do nível do rio Itajaí-Açu, mas o histórico foi de falta de recursos para manter as estações e o serviço funcionando:
Abril de 2003
Responsáveis pela leitura manual das réguas que medem o nível da água estão com os salários atrasados pela falta de repasse do governo federal, via Epagri.
Março de 2009
Novo sistema de telemetria está em fase de testes e alertará sobre cheias com até 12 horas de antecedência.
Abril de 2010
Das 16 estações no Vale do Itajaí, sete estão inoperantes por falta de manutenção, já que a dificuldade da empresa que mantém a estrutura de agendar manutenção prejudica a conservação.
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Janeiro de 2011
As três estações que operam por satélite aguardam a contratação de uma empresa para fazer a transmissão dos dados. Das outras 13, apenas cinco operam normalmente.
Junho de 2011
Ceops instala nove equipamentos nos ribeirões de Blumenau. As estações telemétricas foram adquiridas por R$ 100 mil, com recursos da Fundação de Amparo à Pesquisa e Inovação de Santa Catarina.
Agosto de 2011
Falha no sinal de transmissão em tempo real de todas as 16 estações do Vale deixam vulnerável o sistema de prevenção a desastres por falhas no sinal de telefonia.
Março de 2012
Após a instalação das nove estações em bairros de Blumenau em junho, técnicos do Ceops preparam cotas para transbordamento de cinco ribeirões em caso de temporais.
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Fevereiro de 2015
Funcionários do Ceops tiveram que contar com a ajuda do Corpo de Bombeiros para fazer manutenção no sensor que mede o nível do Itajaí-Açu no Centro de Blumenau.
Como funciona o sistema de telemetria no Vale
– As 17 estações telemétricas da região foram implantadas gradualmente desde 1984 para monitorar a chuva e o nível dos rios na bacia do Itajaí-Açu, numa parceria entre a Furb e o DNAEE, o antigo Departamento Nacional de Águas e Energia Elétrica, atual Agência Nacional de Águas (ANA).
– Elas estão espalhadas em Blumenau, Indaial, Gaspar, Timbó, Apiúna, Benedito Novo, Ibirama, Rio do Sul, Rio dos Cedros, Pouso Redondo, Taió, Vidal Ramos, Alfredo Wagner, Ituporanga, Rio do Oeste, Brusque e Botuverá.
– Os sensores dos equipamentos captam e transmitem informações sobre o nível das águas em cada ponto, permitindo prever em quanto tempo os rios atingirão determinado nível.
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– O sistema também é formado por pluviômetros, que captam o volume de água da chuva. Atualmente cinco apresentam problemas. Eles estão instalados em Apiúna, Timbó, Ibirama, Brusque e Vidal Ramos.
– Três dos sensores têm transmissão via satélite e outros 13 via celular. As transmissões devem ocorrer de hora em hora, para o Centro de Operação do Sistema de Alerta (Ceops), que fica instalado no campus 1 da Furb, em Blumenau.
– Com essas informações, os profissionais do Ceops conseguem fazer a previsão do nível do rio Itajaí-Açu de acordo com a chuva que caiu na região.
– Em Blumenau, há ainda outras nove estações espalhadas pelos bairros, que monitoram o volume de chuva, velocidade dos ventos, umidade, temperatura e nível dos ribeirões.
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– A intenção do Ceops era fazer o mapeamento para saber as cotas para transbordamentos deles em eventos de enxurrada, mas falta pessoal e investimento para isso ocorrer.