Fundamental para informar o Vale sobre a previsão do tempo e as projeções do nível do rio Itajaí-Açu, o Centro de Operação do Sistema de Alerta da Bacia Hidrográfica do Rio Itajaí (Ceops), mantido pela Furb, trabalha com número de profissionais limitado e enfrenta a falta de investimentos. Não há dinheiro para atualizar o site, ampliar o mapeamento do nível dos rios e manter as estações telemétricas.
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O trabalho dos quatro professores e dois técnicos em situações como a que a região viveu nesta semana inclui acompanhar as informações transmitidas de hora em hora pelas 17 estações telemétricas e enviá-las à Defesa Civil e demais órgãos dos municípios. Criado por professores no período pós-cheias de 1983 para estudar os fenômenos climáticos, suas causas e propor soluções, o Ceops foi resultado de uma parceria entre a Furb e o antigo DNAEE, o Departamento Nacional de Águas e Energia Elétrica, atual Agência Nacional de Águas (ANA), que bancava parte dos investimentos.
Desde 1996, a estrutura, que fica dentro do campus 1 da universidade, é mantida pela instituição, mas sempre precisou recorrer a parcerias com os governos estadual e federal:
– Só em momentos de crise que conseguimos avançar nos investimentos e fazer alguma atualização do sistema. A última que tivemos foi em 2007 com a Secretaria de Estado de Desenvolvimento Social, e de lá para cá está daquele jeito. Quando precisamos fazer alguma manutenção, a Furb é quem banca – afirma Dirceu Severo, coordenador do Ceops.
Segundo Severo, a Furb custeia diárias dos professores, gasolina e manutenção. Mas os profissionais têm que dividir as atividades de monitoramento com as aulas. Na tentativa de sensibilizar o poder público, os professores reuniram-se na semana passada com a Associação de Municípios do Médio Vale do Itajaí (Ammvi) para auxiliar na manutenção do sistema. Conforme o coordenador, o convênio sugerido seria de R$ 5 mil mensais:
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– Com R$ 5 mil por mês conseguiríamos manter a rede funcionando muito bem e não podemos mais esperar. Dentro de uma bacia do tamanho da nossa, os fenômenos ocorrem muito rápido e a comunidade precisa de uma resposta para agir nessas situações.
A associação sinalizou positivamente o convênio com o Ceops. De acordo com o presidente da Ammvi e prefeito de Rodeio, Paulo Roberto Weiss, os municípios entendem a necessidade do centro para o Vale do Itajaí e pretendem ratear o custeio. Mas a ajuda será limitada a seis meses, a partir de outubro:
– O Ceops tem um domínio completo da bacia do rio Itajaí-Açu e temos uma preocupação com esse assunto. Como eles são essenciais para informar as prefeituras sobre em que momento tomar as melhores decisões em situações de risco, repassaríamos (o dinheiro) por meio da Ammvi através de um convênio.
Trajetória de altos e baixos
Desde que foi criado, em 1984, o Sistema de Cheias da Bacia do rio Itajaí-Açu foi fundamental para prever o tempo e fazer as projeções do nível do rio Itajaí-Açu, mas o histórico foi de falta de recursos para manter as estações e o serviço funcionando:
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Abril de 2003
Responsáveis pela leitura manual das réguas que medem o nível da água estão com os salários atrasados pela falta de repasse do governo federal, via Epagri.
Março de 2009
Novo sistema de telemetria está em fase de testes e alertará sobre cheias com até 12 horas de antecedência.
Abril de 2010
Das 16 estações no Vale do Itajaí, sete estão inoperantes por falta de manutenção, já que a dificuldade da empresa que mantém a estrutura de agendar manutenção prejudica a conservação.
Janeiro de 2011
As três estações que operam por satélite aguardam a contratação de uma empresa para fazer a transmissão dos dados. Das outras 13, apenas cinco operam normalmente.
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Junho de 2011
Ceops instala nove equipamentos nos ribeirões de Blumenau. As estações telemétricas foram adquiridas por R$ 100 mil, com recursos da Fundação de Amparo à Pesquisa e Inovação de Santa Catarina.
Agosto de 2011
Falha no sinal de transmissão em tempo real de todas as 16 estações do Vale deixam vulnerável o sistema de prevenção a desastres por falhas no sinal de telefonia.
Março de 2012
Após a instalação das nove estações em bairros de Blumenau em junho, técnicos do Ceops preparam cotas para transbordamento de cinco ribeirões em caso de temporais.
Fevereiro de 2015
Funcionários do Ceops tiveram que contar com a ajuda do Corpo de Bombeiros para fazer manutenção no sensor que mede o nível do Itajaí-Açu no Centro de Blumenau.
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Como funciona o sistema de telemetria no Vale
– As 17 estações telemétricas da região foram implantadas gradualmente desde 1984 para monitorar a chuva e o nível dos rios na bacia do Itajaí-Açu, numa parceria entre a Furb e o DNAEE, o antigo Departamento Nacional de Águas e Energia Elétrica, atual Agência Nacional de Águas (ANA).
– Elas estão espalhadas em Blumenau, Indaial, Gaspar, Timbó, Apiúna, Benedito Novo, Ibirama, Rio do Sul, Rio dos Cedros, Pouso Redondo, Taió, Vidal Ramos, Alfredo Wagner, Ituporanga, Rio do Oeste, Brusque e Botuverá.
– Os sensores dos equipamentos captam e transmitem informações sobre o nível das águas em cada ponto, permitindo prever em quanto tempo os rios atingirão determinado nível.
– O sistema também é formado por pluviômetros, que captam o volume de água da chuva. Atualmente cinco apresentam problemas. Eles estão instalados em Apiúna, Timbó, Ibirama, Brusque e Vidal Ramos.
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– Três dos sensores têm transmissão via satélite e outros 13 via celular. As transmissões devem ocorrer de hora em hora, para o Centro de Operação do Sistema de Alerta (Ceops), que fica instalado no campus 1 da Furb, em Blumenau.
– Com essas informações, os profissionais do Ceops conseguem fazer a previsão do nível do rio Itajaí-Açu de acordo com a chuva que caiu na região.
– Em Blumenau, há ainda outras nove estações espalhadas pelos bairros, que monitoram o volume de chuva, velocidade dos ventos, umidade, temperatura e nível dos ribeirões.
– A intenção do Ceops era fazer o mapeamento para saber as cotas para transbordamentos deles em eventos de enxurrada, mas falta pessoal e investimento para isso ocorrer.
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