Mais de 500 pessoas enfrentaram uma fila quilométrica em frente ao Boxe 77, no Mercado Público, no Centro de Florianópolis, na manhã desta quarta-feira, 21, para tentar fazer o recadastro da tarifa social para o transporte público. No entanto, eram apenas quatro atendentes da Prefeitura. Por volta das 9h, os ânimos se exaltaram e a população tentou forçar a entrada no boxe. A Polícia Militar e a Guarda Municipal foram chamadas para conter a população.
Continua depois da publicidade
Érica da Silva, de 32 anos, que chegou na fila às 5h com os filhos de 10 e 14 anos, tirou o único dia de folga na semana — ela trabalha como vigilante — para tentar fazer o recadastramento.
— Olha a quantidade de gente que tem aqui. A gente não é bicho, meu filho não vai para a escola porque o cartão não funciona. Daqui a pouco vão cancelar a vaga dele na escola por causa das faltas. Isso aqui é ridículo — diz.

A empregada doméstica Josiane Cardoso, 32, também reclamou da desorganização e disse que, a cada momento, recebia uma informação diferente.
Continua depois da publicidade
— Nós fomos no Cras, no Setuf e agora aqui no Boxe 77. Ninguém dá uma informação concreta e a gente não sabe direito onde ir e para ter informações do recadastramento. Falta funcionário. Estou aqui desde as 6h e tem gente com senha de ontem. Quando é que vamos ser atendidos? — questiona indignada.
Josiane avalia que precisava ter uma triagem na fila para orientação. Ela também teme que, sem a isenção no transporte público, as filhas percam muitas aulas e o Conselho Tutelar a responsabilize por isso depois. A doméstica Márcia Cavalheiro, 35, também queixou-se do atendimento.
— A prefeitura trata muito bem os turistas, mas está se lixando para o povo que os mantém lá. Não tem estrutura para atender as pessoas, isso aqui é desumano.
Continua depois da publicidade

Próximo ao Mercado Público, na região do terminal de integração do Centro, onde fica a Secretaria Municipal de Mobilidade Urbana, também tinha uma grande fila em busca do recadastramento para a tarifa social. Ali são encaminhados os casos mais adiantados, de pessoas que já estão protocolando os documentos. Foi onde a reportagem encontrou a aposentada Neida Siqueira, 66 anos, que cria sozinha dois netos.
— Como eu já tinha o cadastro no Cras, facilitou um pouco, mas este é o terceiro dia que venho aqui. Agora eles (Secretaria de Mobilidade Urbana) pegaram meus dados e documentos para avaliar se tenho direito à tarifa social. Enquanto isso vou pagando R$ 4,20 na passagem, para mim e para os meus dois netos — lamenta.

Em entrevista à rádio CBN/Diário na manhã desta quarta-feira, 21, a secretária municipal de Assistência Social, Katherine Schreiner, disse que a situação foi uma “junção de fatores inesperados”, por conta do grande volume de estudantes em busca do recadastramento, além das famílias de baixa renda beneficiadas pela tarifa social.
Continua depois da publicidade
— Nos organizamos e, a partir de hoje à tarde, todos os estudantes que já tinham o cartão do ano passado vão direto para a Secretaria de Mobilidade Urbana (ao lado do Ticen) só com o comprovante de residência e a matrícula da escola, sem precisar ficar na fila do Mercado Público. Já o recadastramento do cartão social (para famílias de baixa renda) deverá ser feito na data de aniversário do responsável — explicou a secretária.
Depois que o cadastro estiver pronto, o beneficiário deverá esperar de três a cinco dias úteis para retirar ou recarregar o cartão cidadão no Setuf, que também fica ao lado do Ticen.
Leia também:
Florianópolis segue com alteração em 13 linhas do transporte coletivo
Carros e ônibus são incendiados nesta terça-feira em Florianópolis