A rebelião iniciada no começo da manhã deste domingo no presídio do Complexo Prisional da Canhanduba, em Itajaí, terminou após uma negociação entre presos, Departamento Estadual de Administração Prisional (Deap) e o Judiciário. Os motivos para o início do movimento estão ligados à superlotação da unidade, uma das únicas a receber presos de outras regiões do Estado.

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Os detentos rebelados reclamavam da água e da alimentação servidas no presídio, afirmavam que muitos estavam ali irregularmente e já deveriam ter sido transferidos para a penitenciária (onde estão os detentos condenados), e pediam transferência para outras cadeias no Estado. Ainda pela manhã nove presos foram levados com escolta a Joinville. Outros serão transferidos à penitenciária do Complexo.

O movimento começou quando presos renderam dois funcionários terceirizados que atuam da Canhanduba e tomaram a enfermaria e a ala do Regime Diferenciado Disciplinar (RDD).

Os internos exigiram um celular, a presença de um juiz e de representantes da OAB, para garantirem sua integridade física. A direção do Complexo garantiu que não haveria violência. Embora a informação inicial tenha sido de que estavam armados com estiletes e pedaços de madeira, as armas não foram vistas pelos negociadores.

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O acordo com os presos foi firmado em cerca de 10 minutos. Os negociadores pediram para ver os reféns, que estavam bem, e só então seguiram com as conversações.

O Deap ainda não informou como os trabalhadores foram rendidos. Todo o Complexo é monitorado por câmeras de segurança, que vão indicar como ocorreu a ação.

A operação teve apoio da Polícia Militar, através do Batalhão de Operações Especiais Policiais (Bope) e de grupos do Pelotão de Patrulhamento Tático (PPT) da região _ mas a PM não chegou a entrar no presídio.

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Presídio superlotado

O presidente da OAB Itajaí, Murilo Zipperer, confirmou que os motivos apontados pelos presos para pedir transferência estavam, de alguma forma, ligados à superlotação da unidade. Projetado para 696 presos, o presídio tem hoje quase o dobro de internos _ muitos de outras regiões do Estado, que estão sem vagas em unidades prisionais.

Na semana passada, a OAB emitiu um relatório de inspeção feita no Presídio da Canhanduba e pediu solução urgente para a superlotação da unidade _ especialmente das celas de triagem, onde 25 detentos dividem um espaço que comporta apenas oito.

A falta de vagas no Estado deixa em situação complicada o Judiciário em Itajaí. Caso feche a Canhanduba para novos presos, como ocorreu em muitas outras cidades de Santa Catarina, poderá dificultar o cumprimento de prisões em uma região onde a criminalidade tem aumentado. Somente Itajaí tem 10 registros de furtos e assaltos por dia, segundo a Polícia Militar.

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Responsável pela Vara de Execuções Penais de Itajaí, o juiz Pedro Walicosky Carvalho disse na manhã deste domingo que o Deap se comprometeu a iniciar a transferência dos 150 presos de Blumenau que estão no presídio da Canhanduba ainda esta semana. A expectativa é que, em breve, a situação seja normalizada no Complexo.