O secretário de Energia Elétrica do Ministério de Minas e Energia (MME), Ildo Grudtner, disse que a incidência de raios na região da usina hidrelétrica de Itumbiara, na divisa entre Goiás e Minas Gerais, no último sábado, pode ser uma das causas do apagão que atingiu 12 estados naquele dia. De acordo com o Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS), Santa Catarina foi o quarto estado mais atingido, com 24,9% da população sofrendo com a queda de energia.
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Segundo a Celesc, os problemas começaram a ser registrados às 17h55min. No Estado, 210 dos 730 alimentadores foram desligados por cerca de 30 minutos, de acordo com a estatal catarinense.
A maior concentração de cortes ocorreu na região Norte e no Vale do Itajaí. O Sistema Interligado Nacional reduziu a energia distribuída para SC em 581 Megawatts. A distribuição da energia restante foi feita de forma proporcional, e às 18h25min todos os sistemas estavam religados, de acordo com a Celesc.
– No momento da perturbação, ocorria realmente uma incidência de raios na região. Isso pode estar associado ao desligamento, mas isso ainda está em análise – afirmou o secretário de Energia Elétrica do MME.
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Segundo Grudtner, o problema teve início na subestação de Itumbiara e causou o desligamento das máquinas da unidade de geração de energia. A diferença, em relação aos apagões anteriores, é que a subestação de Itumbiara está associada a uma usina.
O secretário de Energia Elétrica disse que o pente-fino que o governo está fazendo no sistema de transmissão não foi feito na subestação de Itumbiara. Ele comentou que o ministro de Minas e Energia, Edison Lobão, está “bastante incomodado” com as perturbações que têm ocorrido no sistema.
Este foi o sexto apagão desde o fim de setembro. Entre as ações determinadas para que essas ocorrências não voltem a acontecer está a aplicação do protocolo de verificação dos sistemas de proteção.
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De acordo com o diretor-geral da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), Nelson Hubner, a usina hidrelétrica Itumbiara operava com instalações desatualizadas.
– O arranjo da subestação é muito ruim, desatualizado. (Queremos checar) se há alguma subestação desse jeito, com desatualização em termos de arranjo. Desliga aquilo ali e cria uma situação de instabilidade no sistema – comentou Hubner.
Celesc justifica decisões sobre transformadores
A estatal catarinense repercutiu, através de uma nota enviada para o Diário Catarinense, a reportagem publicada pelo jornal no último domingo. Segundo a Celesc, as decisões da empresa pela instalação de transformadores de diferentes capacidades no Estado estão baseadas em critérios técnicos e de acordo com as regras do órgão regulador, a Aneel.
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Sobre o fato de que 86,4% dos transformadores utilizados em SC terem a capacidade de até 75 kVA, a Celesc afirma que os equipamentos instalados em áreas rurais, que apresentam demandas inferiores às das áreas urbanas, representam a maior parte do parque de transformação da empresa. “Traduzindo em números, dos nossos 156.555 transformadores de distribuição, mais de 110 mil estão localizados em áreas rurais”, informou.
Sobre a recomendação do pesquisador Welson Bassi, da USP, para a utilização de transformadores de 100 kVA nas áreas urbanas, a Celesc informa que tem “maior confiabilidade ao atender 100 consumidores com dois transformadores de 75 kVA do que com um de 150 kVA, pois no caso de um defeito no equipamento, apenas 50% dos consumidores ficaria sem energia”.
A estatal também ponderou a escolha dos transformadores de menor capacidade pela questão ambiental. Transformadores de maior potência, segundo a nota da estatal, trariam um aumento “das perdas elétricas do sistema, fato que não é desejado, tendo em vista o compromisso da Celesc com o meio ambiente”.
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Finalmente, sobre a declaração do diretor Cléverson Siewert de que 11,5 mil consumidores sem energia nesta época do ano poderia ser considerada normal, a Celesc informou que esta afirmação leva em conta o sistema com quase 2,5 milhões de consumidores.