Celesc não investe em transformadores com capacidade maior no final da cadeia de distribuição e encara quedas de energia neste final do ano como normais. Do dia 1o de janeiro até a última quinta-feira, cada consumidor catarinense ficou, em média, 15,1 horas sem o serviço essencial, o que aproxima o abastecimento este ano do limite estabelecido pela Aneel.

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Problemas no sistema de energia elétrica em SC nos primeiros 10 dias deste mês deixaram, em pelo menos duas datas diferentes, 11,5 mil consumidores às escuras. Número que o diretor de Distribuição da Celesc, Cleverson Siewert, considera normal para a época do ano.

O histórico da duração e a frequência das quedas de energia da estatal desde janeiro de 2011 mostram que os problemas aumentam no verão, tanto por sobrecargas do sistema quanto pelo aumento no número de tempestades. Se entre abril e outubro de 2011 e março e setembro deste ano a frequência de quedas de energia por consumidor ficou abaixo de um por mês, nos demais meses este número cresce.

Do primeiro dia deste ano até a última quinta-feira, cada consumidor da Celesc tinha ficado sem energia 15,1 horas. Um número muito próximo do limite estipulado para 2012 pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), de 15,59 horas. Como foram registrados apagões no Nordeste e no Rio Grande do Sul desde outubro, a dúvida é se o país está perto do limite e se há risco de problemas mais graves no verão, quando o consumo aumenta.

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O pesquisador Welson Bassi, do Instituto de Eletrotécnica e Energia da Universidade de São Paulo (USP), afirma que a deficiência na Celesc não está na parte inicial do sistema, mas na ponta final, junto ao consumidor. Ele diz que o aumento no poder aquisitivo da população ajuda a explicar, em parte, a situação:

– Seja por deficiência na infraestrutura ou por uma sequência de falhas, o sistema não dá conta de atender a todos. Por isso acontecem os desligamentos na rede, como os registrados neste mês.

Segundo o pesquisador, o ideal é que os transformadores em áreas urbanas tivessem capacidade acima de 100 kW, suficiente para suportar o aumento do consumo. Mas 86,4% dos transformadores da Celesc no final da ponta de distribuição têm entre 5 kW e 75 kW.

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