O governador Raimundo Colombo reconhece que Joinville, a cidade mais populosa do Estado, ficou à margem do alto escalão do segundo mandato, mas isso não significa que a cidade receberá menos investimentos. Pelo contrário. Colombo promete a realização de várias obras e serviços reivindicados pela população, como a instalação de 200 câmeras de videomonitoramento pela Ciasc e a execução de um novo projeto na avenida Santos Dumont.
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Em entrevista ao jornal “A Notícia”, Colombo tratou dos principais problemas de Joinville e da região Norte do Estado nos setores de segurança, saúde e educação e anunciou a intenção de convocar joinvilenses para integrar a administração estadual. Confira:
>> Raimundo Colombo fala sobre infraestrutura em entrevista
A Notícia – Joinville e o Norte do Estado se ressentem de maior participação em seu governo. Por que isto ocorreu no segundo mandato?
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Raimundo Colombo – Porque são circunstâncias na composição da equipe. Montamos uma equipe mais técnica, que já estava no governo. Procurei valorizar a região Norte trazendo o Chiodini (Carlos), de Jaraguá, e o Carlão (Carlos Adauto Vieira), de Joinville. Mas o que vai fortalecer são as relações com as lideranças de Joinville. Eu falo toda semana com o prefeito Udo. O importante é o resultado de obras que melhorem a infraestrutura e o desenvolvimento social da cidade.
AN – A curto ou médio prazo está em suas intenções levar nomes de Joinville para o governo?
Colombo – O governo tem vários momentos. Esta primeira etapa é de enfrentamento de crise, de consolidação de um modelo de gestão administrativa. Num segundo momento, eu sinto que devo encontrar mais pessoas do Norte, sobretudo de Joinville. Sinto que esta reivindicação tem procedência. E eu desejo encaminhá-la.
AN – Um dos maiores problemas de Joinville é a segurança pública. Tem o mesmo efetivo de 30 anos, apesar do aumento do número de assaltos e a promessa de instalação de câmeras. O senhor tem alguma notícia nova nesta área?
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Colombo – Resolvemos hoje (quinta-feira) a questão das câmeras de vídeo. Elas estão compradas e prontas para serem instaladas. Fizemos uma primeira licitação, que acabou na Justiça, e levou um ano. A melhor solução foi fazer uma segunda licitação. Infelizmente, houve um novo recurso. Criamos um novo sistema, em parceria com a Prefeitura de Joinville. A Ciasc vai instalar um sistema de fibra óptica. Terá condições de implantar o sistema imediatamente. Na próxima semana, o sistema vai ser atendido pela Ciasc e pela Secretaria de Segurança Pública com 200 novas câmeras de monitoramento. Já a questão do efetivo é complexa. Nós conseguimos repor o efetivo que saiu. Há dois problemas: o concurso da PM exige curso superior e a demanda por mão de obra no Norte é alta. Sem falar que o número de inscrições fica abaixo do esperado. Inovamos no concurso que vai admitir mais 650 novos policiais, estabelecendo o direito do Estado de remanejar os aprovados. Vamos priorizar Joinville, o Vale do Itajaí e a Grande Florianópolis. Em quatro anos, nomeamos mais de 3 mil policiais. Mas há muita falta em todo o Estado.
AN – As obras da avenida Santos Dumont estão paradas. A Prefeitura não tem recursos para fazer as desapropriações. O governo estadual pode ajudar?
Colombo – Participei de muitas reuniões sobre a avenida Santos Dumont e outras vias importantes de Joinville. Ficou acordado que faríamos a obra, mas as desapropriações ficariam a cargo da Associação Empresarial e da Prefeitura, entrando em contato com os proprietários. Isto não se viabilizou. Da (rua) Tuiuti até o aeroporto, a obra será retomada em breve. Vamos fazer alterações na Santos Dumont e, com algumas desapropriações, vamos entregar a obra com outro modelo.
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AN – Não haverá recursos do Estado para as desapropriações?
Colombo – Vamos fazer a avenida, mas não como no projeto original. Nenhum município catarinense recebeu tantos recursos para intervenções urbanas como Joinville.
AN – Na área da saúde, há apelos para a construção de um novo hospital público na zona Sul da cidade. Como o senhor vê esta reivindicação?
Colombo – A construção de um novo hospital não é prioridade. A prioridade é terminarmos as obras do Hospital Regional Hans Dieter Schmidt e concluirmos as obras no Hospital Infantil Dr. Jeser Amarante, que também está em curso. A ideia é ampliar o Regional, que terá um custo muito menor. Repassamos todo mês cerca de R$ 6 milhões para a manutenção do Infantil. A Maternidade Darcy Vargas tem custo de mais R$ 4 milhões por mês, e o Hospital Regional, de R$ 8,6 milhões. O custo mensal na saúde é de R$ 18,6 milhões. Ajudamos ainda o Hospital São José, via Prefeitura, com mais de R$ 14 milhões em investimentos.
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AN – Alguma previsão do término das obras do Hospital Regional Dieter Schmidt?
Colombo – A previsão é de que a conclusão da primeira parte ocorra em maio e o restante em junho de 2016, com investimentos de R$ 10 milhões.
AN – E como está o pedido de recursos para a ampliação da Arena Joinville?
Colombo – Com o Joinville na Série A, eu disse que participaria da ampliação, a partir da informação de que o governo federal liberaria recursos. Da nossa parte, a liberação está garantida. Falta a confirmação da parceria do governo federal.
AN – O Deinfra tem planos para roçar e melhorar a sinalização da Serra Dona Francisca. A população apela por melhorias nos pontos que causam acidentes graves.
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Colombo – Temos programa de recuperação de todas as rodovias, o que está sendo retomado agora com a limpeza e a sinalização. Reativamos a fábrica de placas do Deinfra e autorizei hoje (quinta-feira) as obras emergenciais. Mas não temos agora projeto de revitalização da SC-418.
AN – O senhor pode revelar algum projeto novo para a população de Joinville ou do Norte do Estado?
Colombo – Temos investimentos importantes para a melhoria dos serviços. Duas subestações de energia, uma unidade da Udesc e agora o Centro de Inovação Tecnológica. Joinville ficou fora por um erro de planejamento da secretaria. Corrigimos isso e, dentro de alguns dias, vamos liberar os recursos para a implantação (do Centro Tecnológico) junto à Univille. É um projeto importante e que corrige uma injustiça com Joinville.
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AN – Por que a reforma administrativa atrasou tanto?
Colombo – As dificuldades são de ordem política. Há uma incompreensão da classe política em fazer os enfrentamentos. Percebi que não adianta jogar a bomba para dentro da Assembleia. No Congresso Nacional, estão até voltando atrás em avanços que precisam ser feitos. Estamos, assim, num caminho mais difícil e mais demorado, conversando com as pessoas envolvidas. Procuramos explicar que não se trata de reforma do governo e nem para ajustar contas do governo que, graças a Deus, estão controladas. Queremos fazer uma reforma para salvar o Estado, para prevenir gerações. Vamos reunir servidores públicos e setores do governo para mostrar as medidas que precisam ser adotadas e pedir a colaboração. Aí, mandar para a Assembleia mais ou menos harmonizadas e avançar. No caso dos professores, houve um equívoco, em nosso entender. Mandamos agora a compactação da Agesc e Agesan, reduzindo 47 cargos, sem prejudicar o processo operacional. Mesmo assim, há resistências. O problema é sempre político. Decidimos fatiar e fazer depois que as coisas amadureçam.
AN – O próximo projeto é a extinção de 500 cargos, alterações nas secretarias regionais ou a previdência pública?
Colombo – A previdência vai ser a mais demorada. Temos que conversar com todo mundo, explicar as necessidades e pedir a colaboração. Como disse, nada disso vai ter benefício nos três próximos anos. É questão de visão estratégica. A ideia é de modernizar, simplificar e reduzir os custos do governo.
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AN – A mobilização do PSD de SC tem o seu aval? A estratégia visa a 2018?
Colombo – O movimento, pelo que sei, tem o objetivo de levar as ações do governo. Estamos realizando hoje o maior volume de obras de que se tem notícia em Santa Catarina em muitos anos, mas não há a devida compreensão. Combinamos que os líderes vão levar as informações à população. Santa Catarina vive um bom momento, mas o ambiente nacional não é bom. Queremos evitar diminuição na atividade econômica, na geração de empregos. Na minha visão, não tem nada de político ou eleitoral. Isto fica para depois. Seria um erro antecipar qualquer processo eleitoral. O governo tem três meses apenas. Seria um desrespeito para com a sociedade.
AN – O senhor já viveu uma crise (política) como a atual?
Colombo – Não, nunca vi na minha vida. É a mais grave que já vivi. Estou no processo político há mais de 30 anos e nunca vi uma crise tão grave. Pior porque junto há uma crise de representatividade e de credibilidade da classe política. As pessoas não confiam. Como não confiam, não ajudam. Você não consegue avançar. É tudo difícil.
AN – Corremos o risco de haver uma ruptura, então?
Colombo – Acredito que sim. As mudanças são absolutamente urgentes e necessárias. Você tenta fazer algo e não consegue executar. O ajuste fiscal se mantém só na boa vontade do governo. Não se consegue realizar nada. O Congresso Nacional hoje não colabora e isto é uma irresponsabilidade. É claro que o ajuste fiscal impõe sacrifícios a todo mundo, inclusive aos Estados e à arrecadação estadual. Mas não adianta Santa Catarina ir bem e o Brasil ir mal. O desafio é muito grande, e o momento extremamente difícil. Não é um cenário favorável. Há também coisas boas, como o povo indo às ruas para pedir mudanças. Isto nunca teve.
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AN – Na sua avaliação, a presidente Dilma Rousseff corre risco de impeachment, de renúncia ou vai continuar “sangrando”?
Colombo – Não acredito em impeachment. Tenho certeza de que não há nenhum envolvimento pessoal dela. Também não acredito em renúncia. Não é característica dela e não vai entregar o cargo para o Michel Temer. Acredito que possa surgir, em algum momento, um envolvimento nacional de superação da crise que inclua todo mundo. Todo mundo percebe que neste momento não tem saída. Todo mundo pode falar mal de tudo, mas nós, gestores, temos que mostrar resultados. São muitos desafios, mas a economia brasileira está caminhando.