Edinho Bez (PMDB) se tornou nos últimos dias o deputado federal de Santa Catarina mais comentado. Tudo isso porque fez um requerimento na Comissão do Esporte, na Câmara, em Brasília, sugerindo que o técnico da Seleção Brasileira, Tite, vá a uma audiência pública conversar sobre as convocações da escrete nacional.
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— O futebol é importante para a economia. Quantos empregos ele gera? São muitos profissionais envolvidos. É um assunto sério e que não dá para brincar — explica, por telefone, o deputado.

Torcedor do Botafogo e do Criciúma, Edinho se surpreendeu com a repercussão. Isso porque o documento só foi protocolado e ainda não foi discutido. Apesar das impressões, principalmente na internet, terem sido negativas, o deputado acredita que no fim a repercussão será positiva.
No requerimento, Edinho relembra a eliminação do Brasil na última Copa do Mundo, a derrota para a Alemanha, no Mineirão, por 7 a 1, e diz que a intenção é evitar outro vexame. Em uma conversa de 17 minutos, o deputado do PMDB explica sua ideia.
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Como surgia a ideia de convidar o Tite para falar sobre a Seleção Brasileira?
Isso tem uma história. Estou há 12 anos na comissão de esportes e já viajei vários países e reuniões com a CBF, sou muito atuante na comissão. Há mais ou menos três anos nós nos reunimos com os presidentes de clubes de futebol e tivemos mais uma reunião dessas há uns 20 dias, com presidentes de clubes e funcionários da CBF, e onde eu falei porque a gente não vai tão cedo ganhar outra Copa do Mundo. Então, há três anos eu falei, e o Romário deu toda razão para mim, a Espanha foi campeã em 2010 porque o técnico convocou mais ou menos 30 jogadores, esses mesmos ficaram juntos quatro anos e formaram um timaço. A Alemanha no Brasil foi mais, eles foram campeões com uma equipe que trabalhava junto há cinco anos. Eles ganharam e aplicaram aquele vexame que mexeu com a autoestima dos torcedores, inclusive eu e acredito que você também. Nós vamos continuar assim? O que queremos com o Tite, convidar ele para a audiência pública e não é para ajudar ele a escolher jogador. Nós não queremos e nem temos tempo para isso. Convidar para a CBF vir junto e saber porque não se convoca, por exemplo 30 jogadores, e esses jogadores serão os mesmos treinando e jogando para a gente ter uma seleção. Nós não temos uma seleção, temos um time. E isso é reforçado com jogadores que são meus amigos. Chamar e trocar ideias com ele. E claro que vamos questioná-lo, e ele é um grande técnico e não tem nada a ver com isso, assumiu agora. Há indícios e recebemos denúncias que jogadores de futebol são convocados jogam duas, três partidas, vão embora e em esquema financeiro com empresários, não sabemos se a CBF está envolvida nisso, não há indícios, e depois são vendidos para clubes do exterior como atletas da Seleção. É isso que queremos para o futebol brasileiro?
O senhor também quer questionar se ele recebeu pressão para convocar alguém?
Não, porque o Tite está zeradinho. Nós queremos aproveitar o Tite justamente porque ele está zerado e ele não participou de nada. E para continuar as Eliminatórias, ele manteve a base dos jogadores que ganharam a Olimpíada. É isso que nós queremos, os mesmos jogadores. Claro que se de repente estourar um Gabriel Jesus, como aconteceu, terá excepcionalidades. Mas nós queremos é ter time e conjunto. Sem falar de roubalheira e escândalos da CBF que recebemos denúncia. E nós ficaremos de braços cruzados? Não, nós vamos brigar. Ninguém está falando do Tite, queremos aproveitar porque ele é novo e temos dados para apresentar para ele, entre esses o da Espanha e da Alemanha. E o Felipão faltando 10 dias convocou três atletas para jogar no time, isso é brincadeira.
O Tite deu alguma resposta se vai participar?
Não, nós só fizemos o requerimento. Nós priorizamos outras coisas. Temos a PEC 241 eu só protocolei para discutir na hora certa. Ai o Estado de São Paulo pegou na pauta o requerimento e espalhou pelo Brasil inteiro. Já dei entrevista para a Rádio Gaúcha, o cara foi muito bacana. Ele citou a interpretação de alguns e a minha.
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E como o senhor vê a repercussão no seu Facebook? Pois ainda não há nenhuma postagem sobre o assunto, mas já tem pessoas que foram lhe criticar.
Vou ser sincero. Eu tomei conhecimento que tinha essa repercussão na sexta-feira à tarde porque a Rádio Gaúcha me ligou para entrevista. Eu não sabia. Estou envolvido com uma série de coisas. Teve enchente na região Sul, ali em Tubarão, e falei com o presidente da Câmara para criar uma comissão externa que eu fico de coordenador. Estou em contato com o presidente da Caixa Econômica, BNDES e outros responsáveis para buscar ajuda para a região. Mas nós vamos retomar o assunto, vamos colocar no Facebook, explicar o que é e responder a todos. Não tive tempo, só por isso.
Mas nas postagens as repercussões são negativas.
A repercussão vai ser positiva. Houve maldades. O interessante que sou coordenador de Portos e Vias Navegáveis do Brasil, sou deputado ficha limpa e os projetos que faço não saem. Eu estava coordenando um seminário sobre a infraestrutura nacional com mais de 180 pessoas em Brasília e que conseguiu estourar aquela denúncia sobre o Eduardo Cunha e não foi um jornalista cobrir nós, ficou tudo sentado na sala deles. O resultado vai ser positivo, porque agora com essa nota, por exemplo você não sabia que eu brigava por isso. Agora vai saber e vou fazer pronunciamento na Câmara, vou levar para a comissão e vou fazer disso algo positivo. O lado bom é que levaram meu nome para o Brasil inteiro. E não é negativo não. É positivo porque vou provar. Quer tomar mais um 7 a 1, deixa assim. Não teve ninguém contra na comissão. Não foi nem votado e discutido. Apresentei para ser discutido. Acho que se todo jornalista fizesse como você e as rádios me ligaram, tudo bem. Mas fazer um comentário sem escutar o que a gente tem a dizer, é brincadeira.
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Já aconteceu uma CPI da Nike/CBF e há pouco tempo no Senado foi criada uma sobre as denúncias sobre a entidade que comanda o futebol nacional. O Fifagate prendeu no início do ano José Maria Marin, que foi presidente da CBF. Esses temas o senhor não vai discutir também?
Já discutimos e conversei muito com o Romário e trocamos ideias. É que o Romário tomou a frente disso e a gente respeita quando alguém toma uma iniciativa, acompanhamos e damos respaldo ou não. E vamos aperfeiçoando no andar da carruagem. A corrupção no futebol e as denúncias que recebemos com esquema de empresários e CBF nós temos que colocar o dedo nessa ferida. E isso não é bom para ninguém. O Brasil é reconhecido mundialmente pelo seu futebol. O Tite é uma esperança e estamos acreditando nele. E gostaríamos de passar para ele o que nós da comissão de esportes achamos, e temos gente que foi presidente de clube e foi ex-jogador. Ele já deu exemplo de conjunto mantendo a base da seleção olímpica. Queremos sugerir, não queremos interferir em nada. O Tite e a CBF, queremos um conjunto, um time que seja uma orquestra, que jogue por música.
Depois de protocolado o requerimento, qual o próximo passo?
Tem que submeter à aprovação na Câmara. Passando, convidamos o Tite e o presidente da CBF, que geralmente manda um representante. Vamos trocar ideias e está claro no meu requerimento que vamos trocar ideias. Eu sou cobrado. Eu chego nos estádios de futebol e me falam: ¿O que vocês estão fazendo lá, deputado? E essa roubalheira? Quando vamos jogar bem¿. Vou em eventos diversos e as pessoas me cobram, porque sabem que sou da comissão de esporte. Vamos ficar de braços cruzados? Vamos tomar outro 7 a 1? Que isso!
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