A eterna busca pelafelicidade, um dos maiores desafios dos homens deste século, em meioao crescente número de doenças como depressão e ansiedade, podeser mais simples do que se imagina. Com linguagem acessível, aliandoconhecimento científico e teórico com práticas budistas, oescritor Alan Wallace, PhD em física e monge budista discípulo deDalai Lama, deu uma aula aberta em Florianópolis neste sábado edeixou claro: a fórmula está ao alcance de todos, independente dereligião ou crença, basta colocar em prática.

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Escritor e tradutor do budismo tibetano dá palestra sobre equilíbrio mental em Florianópolis

O professor começa comuma provocação: considerando o nível de inteligência, memória eimaginação, por que a espécie humana não se torna mais feliz acada ano de vida?

Ele explica que já quetemos a habilidade de aprender com nosso próprios erros, uma pessoaidosa deveria ter ainda mais felicidade, mas ironicamente acontece ooposto: com o passar da idade, mais depressão, mais ansiedade, maisdoenças mentais, e a indústria farmacêutica produz mais remédiospara tratar sintomas e não as verdadeiras causas.

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Libertar a mente dosestados aprisionamento de raiva, ciúmes avareza é possível, esegundo Wallace, para isso é preciso compreender os desequilíbriosatencionais, emocionais e cognitivos, como não conseguir enxergar oque está diante dos seus olhos, hiperatividade, distorção darealidade, depressão, apatia entre outros. Ao entender estesdesequilíbrios, cada pessoa consegue utilizar antídotos e cultivaro equilíbrio mental:

— Quando se cultiva o equilíbrio mental, o indivíduo é capaz de não agir com sentimentos ruins, florescendo humanamente e socialmente, buscando a harmonia na família, nas relações com o meio ambiente e com a diversidade. Ter atenção plena ao corpo, sentimentos, mente e fenômenos é uma prática simples que corriges estes déficits — ensina.

Os dois tipos defelicidade

O professor Wallaceexplica que existem dois tipos de felicidade. A dos prazereshedônicos, que são derivadas dos estímulos agradáveis, quando setem o mínimo para sobrevivência – alimentação, moradia, cuidadosmédicos e educação -, mas questiona se ter tudo isso é garantiade felicidade. Já a felicidade genuína, também chamada deeudeimonia, é aquela cultivada de dentro para fora, um bem-estar queresulta de um modo de vida ético, do equilíbrio mental e dasabedoria, que segundo o Dalai Lama deve ser o propósito da nossavida, quer acreditemos em alguma religião ou não.

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Para buscar essa visão,o professor Wallace sugere quatro perguntas simples:

— O que faria vocêrealmente feliz?

— O que você adorariareceber do mundo para ajudá-lo a encontrar o seu próprio bem-estar?

— Como você gostaria dese transformar e amadurecer internamente para atingir esse bem-estar?

— Para levar uma vida omais significativa possível, o que você gostaria de oferecer aomundo?

Porém, Wallace destaca que o bem-estar não é independente, é preciso incluir os outros seres, e dá os quatro elementos para cultivar o equilíbrio emocional e ser feliz genuinamente, já que a felicidade genuína não é competitiva, todos sempre podem ter mais:

Bondade Amorosa: a bondade amorosa, nas palavras do professor Wallace, consiste em olhar para a sua família, comunidade, o meio em que vive, e ter os simples desejo que eles encontrem a felicidade.

Compaixão: a compaixão não consiste simplesmente em sentir pena do outro. É vista como uma aspiração, prestar atenção para que aquela pessoa ou animal possa se livrar da causa do sofrimento.

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Alegria Empática: sentir-se feliz pela felicidade dos outros. Cultivar a alegria empática pode, aos poucos, inundar a sua vida de felicidade.

Equanimidade: a equanimidade consiste em ter o coração aberto para todos os seres, não importando a raça, a cultura, a religião.