Após a Câmara de Vereadores de Joinville começar uma sindicância para investigar supostos diplomas irregulares apresentados por servidores da casa, o Legislativo chegou a 12 casos suspeitos que serão analisados nos próximos 60 dias.
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Em reunião com os parlamentares na última quarta-feira, o presidente da Câmara, Rodrigo Fachini (PMDB), informou que os nomes dos comissionados ainda não seriam divulgados _ a justificativa é de que, como eles ainda estão na fase de defesa, seria precipitado expor a identidade dos envolvidos. “AN” teve acesso com exclusividade à lista de servidores investigados e conversou com os vereadores cujos gabinetes apresentam casos de certificados irregulares _ um total de nove dos 19 gabinetes _ para adiantar como está o processo de cada um deles.
De acordo com a relação, os gabinetes dos vereadores Cláudio Aragão (PMDB), Fábio Dalonso (PSDB), João Carlos Gonçalves (PMDB), Maycon Cesar (sem partido), Zilnety Nunes (PSD), Roberto Bisoni (PSDB), James Schroeder (PDT), Odir Nunes (SDD) e Mauricio Soares (PMDB) apresentavam casos irregulares.
Um levantamento indicou que a maioria dos envolvidos não faz mais parte do quadro de funcionários da Câmara, o que não impede que ainda assim sejam submetidos a comissões individuais.
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_ Assim que o primeiro lote de certificados voltou da Gered (Gerência Regional de Educação) com indícios de falsificação, exonerei os envolvidos do meu gabinete. A gente parte do princípio de que não se pode trabalhar sob dúvidas. Se o processo confirmar a inocência deles, reverteremos a decisão _ explicou Fábio Dalonso.
Os vereadores Maycon Cesar, Roberto Bisoni, Odir Nunes e Cláudio Aragão adotaram a mesma postura. Em abril, quando o termo de ajustamento de conduta (TAC) da paridade entrou em vigor, exigindo certificação escolar, o número de assessores nos gabinetes foi reduzido de nove para sete. Foi quando as irregularidades em alguns diplomas chamaram a atenção da equipe de recursos humanos do Legislativo.
_ Tive de exonerar um servidor que me acompanhou no trabalho como vereador ao longo dos últimos 11 anos. Não foi uma decisão fácil, mas a realidade legal da Câmara hoje é outra, então cumpri o regimento. Mas adianto que, se ele conseguir comprovar a autenticidade dos documentos que apresentou, o trarei de volta _ disse o vereador Odir Nunes.
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Agora, os 12 casos identificados terão 60 dias, que podem ser prorrogados por mais 60, para apresentarem suas defesas.
_ Os casos são bem complexos, por isso é preciso que a Câmara se debruce com atenção sobre eles. Caso a fraude realmente seja confirmada, devemos aplicar o processo administrativo disciplinar (PAD) e trabalhar com a hipótese de exoneração _ disse Fachini na última quarta-feira.
Vereadores defendem servidores
Com o gabinete que soma o maior número decasos sob investigação – três servidores _, o vereador Cláudio Aragão também lida com uma das situações mais delicadas. A Gered apontou irregularidade em um diploma de curso superior. O vereador afirma que a próxima etapa administrativa da Câmara vai resolver a questão que, segundo Aragão, trata-se de um problema burocrático.
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_ O funcionário se graduou comigo, no mesmo período em que cursei a faculdade. Estou ciente da legitimidade da documentação _ disse.
O vereador James Schroeder também não duvida da autenticidade dos certificados apresentados.
_ A escola em que ele estudou foi extinta, e a Gered não consegue localizar a documentação referente à época. Não exonerei e nem vou exonerar até que tudo seja esclarecido _ afirmou Schroeder.
Os servidores que faziam parte do quadro de funcionários dos vereadores Maycon Cesar e Roberto Bisoni foram exonerados na mesma semana em que as irregularidades foram apontadas. Nos dois casos, os vereadores afirmam acreditar na inocência dos comissionados, mas defendem que, durante o andamento do processo, a melhor opção é mantê-los afastados.
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A vereadora Zilnety Nunes foi a única que negou o envolvimento de assessor de seu gabinete na investigação. Mauricio Soares não quis comentar o assunto e, até o fechamento desta edição, João Carlos Gonçalves não havia retornado as ligações da reportagem.