A Qatar Airways se lançou no mercado latino-americano com a compra de 10% da Latam, a maior companhia aérea da região, que fechou o ano de 2015 com um prejuízo milionário, pressionado pela crise no Brasil.
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A companhia do Catar, umas das maiores e pujantes do Oriente Médio, com uma frota de mais de 100 aeronaves, aportará US$ 613 milhões, mediante um aumento de capital na Latam, companhia aérea que nasceu em 2012 da fusão da chilena LAN com a brasileira TAM, dando origem ao principal grupo comercial aeronáutico da região.
– A Latam representa para a Qatar Airways uma grande oportunidade para investir, apoiar e desenvolver uma relação de longo prazo. Isso poderá representar futuras oportunidades para nossa rede global – disse Akbar Al Baker, diretor-executivo da Qatar, depois de anunciar o acordo junto a Enrique Cueto, presidente da Latam, na feira internacional aeronáutica de Farnborough, Inglaterra.
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A Latam, por sua vez, anunciou em comunicado que estabelecerá um valor de US$ 10 por ação e que a transação será apresentada aos acionistas da companhia em uma junta extraordinária que convocará para o próximo 2 de setembro.
– Estamos muito orgulhosos pela entrada da Qatar Airways na propriedade da Latam, o que reafirma os laços entre ambas as companhias – manifestou o mais alto executivo da companhia chilena e brasileira.
O acordo causou revolta no mercado chileno. A Bolsa de Valores suspendeu durante duas horas a negociação de ações da Latam, que chegaram a subir 20%. Ambas as companhias aéreas esperam que o acordo se concretize no quarto trimestre deste ano.
A Qatar Airways tem um importante pacote de ações, de 15%, na holding IAG que agrupa as companhias aéreas espanholas Iberia e Vueling, a britânica British Airways e a irlandesa Aer Lingus. Tanto IAG, como Latam e a Qatar Airways fazem parte da aliança Oneworld.
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Injeção econômica para a Latam
O acordo ocorre depois que a Latam fechou o ano de 2015 com perdas que chegaram a 219 milhões de dólares e uma queda das receitas de 18,8% em relação a 2014, prejudicada pela crise econômica e política que atinge o Brasil, seu principal mercado e que foi classificada como “a mais grave dos últimos anos” pela diretora da companhia.
O investimento de US$ 613 milhões que a empresa receberá do país do Golfo significará uma injeção econômica importante para Latam, que estima um aprofundamento da crise brasileira neste ano.
Isso levou a companhia a um drástico ajuste e a reduzir seus voos para no Brasil. No primeiro trimestre de 2015 anunciou um lucro líquido de 102 milhões de dólares.
– Esse investimento valoriza o que construímos como Latam e apoia o projeto futuro do grupo. Além de fortalecer nossa posição financeira, nos permite explorar novas oportunidades de conectividade com a Ásia e com o Oriente Médio – declarou Cueto.
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Em um comunicado enviado à Superintendência de Valores e Seguros do Chile, onde a Latam anunciou a transação, a companhia explicou que “não é possível determinar os efeitos financeiros que as matérias que se informam poderão ter sobre os ativos, passivos e resultados da Companhia”.
A Latam tem filiais na Argentina, no Brasil, no Chile, na Colômbia, no Equador, no Paraguai e no Peru. Voa para 140 destinos em 24 países, com uma frota de 318 aviões e mais de 53 mil funcionários.