Elas choraram e se envergonharam com a derrota catastrófica da Seleção Brasileira diante da Alemanha. Alguns, com um instinto mais adulto, digeriram a raiva. A diferença é que no dia seguinte as crianças ensinam uma lição: extravasar a emoção ajuda a superar as frustrações. Para falar do assunto, Fernanda Spengler, psicóloga e psicopedagoga especialista em comportamento e desenvolvimento infantil, concedeu a seguinte entrevista:

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.: Envolvidos pela derrota histórica do Brasil, crianças superam o trauma com maturidade

Diário Catarinense – A derrota da Seleção deve ser abordada em sala? Ou deve ser esquecida?

Fernanda Spengler – Em primeiro lugar precisamos considerar que a Copa foi abordada em diversas escolas como tema de pesquisas e projetos. Nesse caso – desde que com fins pedagógicos – é interessante abordar o assunto, sim. Ou seja, muito mais do que uma discussão sobre ganhar ou perder, para ser abordado na escola, este tema deve estar inserido em algum planejamento didático que trará benefícios ao desenvolvimento do aluno, como uma produção textual, por exemplo.

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DC – Tratar a Copa e o patriotismo na sala exige preparação para a derrota também?

Fernanda – Temos que compreender que, apesar de todo o envolvimento da maioria dos brasileiros com o futebol, Copa do mundo e patriotismo não são a mesma coisa. Sendo assim, trabalhar com o patriotismo na escola precisa de um planejamento integrado e bem estruturado, que deve ser colocado em prática todos os dias. Nesse caso, não há relação direta com “derrota”, o que não justifica a interligação desses temas. Quanto ao trabalho voltado a Copa do mundo, os professores das áreas esportivas podem incluir e enfatizar o espírito desportivo: ganhar e perder, respeito. Enfim, vários temas que podem ser trabalhados no ambiente escolar.

DC – Como as crianças costumam assimilar uma derrota como essas?

Fernanda – O fato é que geralmente as crianças expressam as emoções de forma muito espontânea – muito mais do que os adultos. Isso, de certa forma, facilita o processo de assimilação, pois quando essa emoção é extravasada e ganha forma (seja através de choro, raiva ou até de um desabafo) ela começa a ser processada e superada. Por mais que as reações das crianças chamem a nossa atenção, elas têm capacidade de se adaptar a novas situações. A frustração também faz parte da vida – inclusive das crianças – e ensina a crescer.