Quando o que se ouvia sobre a Copa ainda eram as incertezas de estádios concluídos, a professora do 4º ano da Escola Adotiva Liberato Valentim, em Florianópolis, foi provocada em sala:
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– Quem inventou o futebol? – questionou na aula de matemática Pedro Henrique Pacheco, 9 anos.
– É claro que a prôfe não sabe disso – retrucou outra aluna.
.: Psicopedagoga explica como lidar com frustração das crianças após derrota
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Silvana Silva, a professora da turma 44, decidiu trabalhar o tema com a turma, aliado à Copa do Mundo. Fizeram cartazes, pesquisas, desenhos sobre futebol, peculiaridades dos países, coloriram a escola de verde e amarelo. Até a Rádio Bola na Rede foi criada para anunciar na quadra de esportes os resultados dos jogos.
Com empolgação, cantavam músicas da Copa na sala de aula. Nas paredes da turma, há o resultado dos inocentes bolões que, sem exceção, sacramentavam o Brasil como campeão. Ontem, o entusiasmo com a Copa saiu de campo e deu lugar à conformação, em meio às bandeirinhas e frases de apoio escritas nos cartazes.
Criançada se reuniu para argumentar sobre o jogo
Após a derrota de 7 x 1 para a Alemanha, as crianças reuniram na sala de aula argumentos para explicar a derrota. Eloquentes após tanta pesquisa sobre o tema, revelaram ter chorado a cada gol sofrido, outros compartilharam a raiva reservada aos adultos e a vergonha de perder como se não tivesse lutado.
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Alguns fugiram para o pátio de casa, outros se esconderam embaixo do cobertor para não ver o vexame inevitável. Mas ainda havia quem se resignasse: o gol de Oscar evitou o 7 a 0. Todos palpitam: o time não é só o Neymar, o Felipão errou.
O fato é que todos sentiram o mesmo baque da geração de 1982, que chorou soluçante os gols de Paolo Rossi na Seleção dos Sonhos, ou dos juvenis de 1998, que cresceram longe de se conformar com a derrota para a França na final.
Os alunos do 3º ano procuraram a bibliotecária Adriana Kuhn. Queriam desabafar sobre a derrota. Professora do 1º ano e neta de alemães, Alice Endler vestia a camisa da Alemanha, com linhas pretas e vermelhas, a mesma que ofuscou a amarelinha. Já vestira outras vezes em sala, mas passava despercebida pelos alunos de sete anos. Na quarta-feira eles reconheceram.
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