Cena que se repete a cada fim de feriado, a calçada da rodoviária de Porto Alegre ficou tomada de pessoas que procuravam um táxi para voltar para casa. Contudo, neste domingo de Páscoa, o transtorno teve ar insólito: os taxistas permaneceram de braços cruzados pois as vias do entorno estavam bloqueadas justamente pelos próprios colegas, em manifestação que bloqueou ruas próximas à rodoviária por uma hora. Pouco depois da 1h30min, mais de 300 pessoas formavam fila à espera de táxis na saída da rodoviária.
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Entre os passageiros que aguardavam o fim da manifestação, havia respeito pelo motivo do protesto – as mortes de três taxistas, assassinados a tiro na madrugada de sábado -, contudo, alguns faziam ressalvas:
– É um jeito de mostrar que os taxistas não têm segurança, mas acho que protestar na volta de um feriado não é o momento adequado – afirma a nutricionista Michele Fracalossi, 29 anos, que havia chegado de Bento Gonçalves.

Outro fato incomum causado pela manifestação dos taxistas foi a grande quantidade de pessoas que tiveram de ir a pé para a rodoviária. Carregando malas em meio aos carros presos no congestionamento, o estudante de Administração Pedro Henrique Tassinari, 24 anos, queixava-se enquanto corria para não perder o ônibus que partiria em menos de 10 minutos e o levaria a Joinville (SC):
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– Isso é uma falta de respeito.
Protestos congestionam proximidades da rodoviária e do aeroporto
Por cerca de uma hora, taxistas de Porto Alegre bloquearam ruas neste domingo, em uma carreata que reuniu dezenas de motoristas. A manifestação causou problemas no trânsito nas imediações da rodoviária e do Aeroporto Internacional Salgado Filho.
Reunidos no fim da tarde no Largo da Epatur, os taxistas seguiram pela Avenida Loureiro da Silva com direção à rodoviária, onde trancaram vias entre as 18h50min e as 20h. Houve congestionamento nas avenidas Farrapos, João Pessoa, Loureiro da Silva e Osvaldo Aranha.
Por volta das 21h, os taxistas chegaram ao Aeroporto Salgado Filho, onde permaneceram por aproximadamente 45 minutos, em frente à entrada do prédio.
Homenagem aos colegas
Conforme o motorista Rogério Silveira, 47 anos, a intenção dos trabalhadores era “parar para realizar uma manifestação tranquila”, em homenagem aos colegas mortos.
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– Vamos fazer um cortejo, um buzinaço bem organizado. A manifestação é dos trabalhadores, de quem trabalha dia e noite e sofre com a falta de segurança. Fomos bem recebidos pelo governador e temos reunião marcada para esta quarta-feira – disse Silveira, há cinco anos no trânsito de Porto Alegre.
Veja como foi a reunião entre cúpula da Segurança estadual e taxistas
A sequência de crimes começou antes das 2h de sábado. À 1h50min, o corpo de Edson Roberto Loureiro Borges foi localizado na Rua dos Nautas, na Vila Ipiranga. O veículo, Voyage, só foi achado por volta das 11h na Rua Pedro Santa Helena, no bairro Jardim do Salso, o que ajudou a confirmar a profissão da vítima.
Pouco mais de meia hora depois, o taxista Eduardo Ferreira Haas, 26 anos, foi encontrado morto com marcas de tiro na cabeça na Rua São Jerônimo, no bairro Passo da Areia. O carro foi localizado às 8h na Rua Mata Bacelar, no bairro Auxiliadora, com manchas de sangue no banco traseiro. O rádio do carro e documentos desapareceram.
No terceiro caso, o corpo Cláudio Gomes foi achado ao lado do táxi às 3h20min no bairro Mario Quintana. Conforme o delegado Odival Soares, o dinheiro da carteira do taxista sumiu, indicativo que reforça a linha de investigação sobre assalto.
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