Dezenas de taxistas de Porto Alegre promoveram, neste domingo, uma carreata por mais segurança no trabalho. A manifestação, motivada pelos assassinatos de três colegas na madrugada de sábado, causou problemas no trânsito nas imediações da rodoviária e do Aeroporto Internacional Salgado Filho.

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Reunidos no fim da tarde no Largo da Epatur, os taxistas seguiram pela Avenida Loureiro da Silva com direção à rodoviária. Ao saírem do Túnel da Conceição, por volta das 18h50min, deram início a bloqueios nas vias próximas, não deixando que outros veículos saíssem ou chegassem. Houve congestionamento nas avenidas Farrapos, João Pessoa, Loureiro da Silva e Osvaldo Aranha.

Até as 20h, ficaram bloqueadas a Rua da Conceição, que dá acesso à Avenida Castelo Branco, e as ruas Garibaldi e Comendador Álvaro Guaspari, ambas nas proximidades do Largo Vespasiano Júlio Veppo. Muitas pessoas que pegariam ônibus para deixar a Capital tiveram de seguir a pé, carregando a bagagem para não perder a hora.

De acordo com o taxista Silvio Luis Santos Azeredo, 55 anos, cunhado de Edson Roberto Loureiro Borges – uma das vítimas dos crimes de sábado -, a mobilização tem o objetivo de chamar a atenção de autoridades para os problemas da falta de segurança:

– Já fui assaltado cinco vezes. Já me colocaram no porta-malas. Saio para trabalhar e penso que esse cara vai entrar no meu carro – desbafa o motorista com 20 anos de praça.

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O bloqueio impediu que taxistas do ponto da rodoviária deixassem o local, o que gerou uma fila de mais de cem pessoas. O taxista Antonio Tadeu Machado, 65 anos, 30 de profissão, que aguardava a liberação das ruas para que pudesse iniciar uma corrida, se mostra solidário, mas faz ressalvas à manifestação:

– Já participei de coisas assim, já fui recebido na Secretaria de Segurança, mas nada mudou. Acho que tem que obrigar a instalação de cabines para proteger os motoristas – avalia.

Mesmo depois da liberação, o trânsito permaneceu lento no Túnel da Conceição, na Farrapos, na Loureiro da Silva e na Garibaldi. Por volta das 21h, os taxistas chegaram ao Aeroporto Salgado Filho, onde permaneceram por aproximadamente 45 minutos, em frente à entrada do prédio.

Homenagem aos colegas

Conforme o motorista Rogério Silveira, 47 anos, a intenção dos trabalhadores era “parar para realizar uma manifestação tranquila”, em homenagem aos colegas mortos.

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– Vamos fazer um cortejo, um buzinaço bem organizado. A manifestação é dos trabalhadores, de quem trabalha dia e noite e sofre com a falta de segurança. Fomos bem recebidos pelo governador e temos reunião marcada para esta quarta-feira – disse Silveira, há cinco anos no trânsito de Porto Alegre.

Veja como foi a reunião entre cúpula da Segurança estadual e taxistas

A sequência de crimes começou antes das 2h de sábado. À 1h50min, o corpo de Edson Roberto Loureiro Borges foi localizado na Rua dos Nautas, na Vila Ipiranga. O veículo, Voyage, só foi achado por volta das 11h na Rua Pedro Santa Helena, no bairro Jardim do Salso, o que ajudou a confirmar a profissão da vítima.

Pouco mais de meia hora depois, o taxista Eduardo Ferreira Haas, 26 anos, foi encontrado morto com marcas de tiro na cabeça na Rua São Jerônimo, no bairro Passo da Areia. O carro foi localizado às 8h na Rua Mata Bacelar, no bairro Auxiliadora, com manchas de sangue no banco traseiro. O rádio do carro e documentos desapareceram.

No terceiro caso, o corpo Cláudio Gomes foi achado ao lado do táxi às 3h20min no bairro Mario Quintana. Conforme o delegado Odival Soares, o dinheiro da carteira do taxista sumiu, indicativo que reforça a linha de investigação sobre assalto.

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