Divergências enfraqueceram a manifestação feita na noite desta sexta-feira contra o desaparecimento do pedreiro Amarildo de Souza, os governadores de São Paulo, Geraldo Alckmin, e do Rio de Janeiro, Sérgio Cabral, e pedindo a desmilitarização da polícia. O grupo, que chegou a ter 400 pessoas, segundo a Polícia Militar (PM), teve dificuldades em vários momentos para decidir o trajeto que a passeata deveria seguir.

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Com o número de participantes reduzido, após um trajeto por ruas pouco movimentadas do bairro Bela Vista, o protesto desceu em direção à Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo (Alesp), onde chegou por volta das 22h. No local, houve tumulto, e a PM usou spray de pimenta para dispersar os manifestantes. O ato começou com concentração no Museu de Arte de São Paulo (Masp), o grupo seguiu pela Avenida Paulista no sentido Paraíso. Em seguida, a passeata desceu a Avenida Brigadeiro Luiz Antônio, sentido centro. Nesse momento, temendo depredações, algumas lojas fecharam com os clientes ainda dentro.

Depois de alguns minutos de caminhada, os manifestantes seguiram por ruas menores e com pouco movimento, no bairro Bela Vista. Após um percurso sinuoso, o grupo retornou à Avenida Paulista, onde, por cerca de 30 minutos, os manifestantes discutiram, antes de seguir para a Alesp. A discussão levou muitos participantes a abandonarem o ato. A artesã Vânia Folco criticou a falta de objetividade do ato.

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– O pessoal está com muitas divergências, acho que tem que focar mais nos objetivos – opinou.

Mesmo com os problemas, Vânia destacou a importância do protesto:

– Eu sinto orgulho de estar aqui. Tenho vergonha de quem fica em casa.

Para a engenheira florestal Cláudia Caliari, é importante lembrar que o caso de Amarildo é apenas um exemplo da violência policial que acontece em todo o país:

– Não é só um, são vários Amarildos.

Já o ilustrador Jonas dos Santos reclamou da falta de atenção dos governos de Alckmin e Cabral às demandas sociais.

– Eles só veem o lado dos ricos e a gente simples, como nós, é tratada como lixo – declarou.

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O pedreiro Amarildo desapareceu no dia 14 de julho, após ser levado por policiais militares, da casa dele na Rocinha, para a Unidade de Polícia Pacificadora (UPP) da comunidade, no bairro de São Conrado, na zona sul do Rio. Este foi o quarto ato que lembra o caso do pedreiro carioca. O ato foi acompanhado por homens da Polícia Militar. Na manifestação de quinta-feira, três pessoas foram detidas e liberadas, depois de prestar depoimentos na delegacia. As duas anteriores ocorreram depredações e vandalismo.